Quando nasci em setembro de 1951 meus pais moravam na casa da minha avó paterna Amábile Pessoto Zocca, onde moravam também L.Z.D.L, seu marido J.D.L., seus filhos A. D.L e R.DL.
Congregava também esse grupamento familial meu tio B.Z., bêbado por natureza, formado no Zanin, e que vivia ao léu, desocupado, mamando cana nos bares da redondeza.
Outro maluco furioso, cachaceiro, e dado ao carteado R.Z era casado com a professora E.B.Z.; ambos tinham relacionamentos com professoras que atuavam no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e no Ginásio Jerónimo Gallo, onde estudamos.
O imóvel situado na esquina das ruas Benjamin Constant com a Ipiranga foi alugado por B.Z. a M.C., que era foguista da Estrada de Ferro Sorocabana, também colega de copo. Eles conheceram-se num bar, onde nasceu o contrato de locação.
Mas durante nossa vivência no cortiço formado pelo ajuntamento das muitas famílias, e eu ainda estava num estágio pré-verbal, numa vacilada de minha mãe, cai do seu colo.
Se não me engano, acabara de mamar e estava no ombro da D.B.Z., que fazia-me arrotar, quando fui derrubado lá de cima fraturando a omoplata, a escápula direita.
Em decorrência da fratura, fui levado à Santa Casa onde nos aplicaram o gesso. Todos os trabalhos posteriores de fisioterapia e massagens foram feitos por um homem muito conhecido naquele tempo, chamado Peixe.
Parece-me que esse incidente teria motivado nossa mudança para a casa da rua Benjamim Constant, onde hoje é um consultório dentário.
E se não me falham os neurónios sofridos, uma discussão ferrenha na noite do dia 24, véspera do Natal, teria determinado a segregação dos meus pais e seus filhos dos demais membros da família.
A coisa era mesmo violenta.
Meu avó, conforme contava a professora aposentada M.C.A., filha de I.Z.A. e C. A. era fascista. Ele admirava tanto a Benito Mussolini (Forli, 29-07-1883 - Dongo, 28-04-1945) que tinha até um busto do político adornando a sala e colecionava dinheiro italiano daquele tempo. O emblema do fascismo era um feixe de varas.
J.C.Z faleceu em 1943 muito antes do seu ídolo Benito e a amante Clara Petacci serem assassinados pelos partigiani (guerrilheiros) num posto de gasolina perto do lago de Como.
Benito e Clara antes de serem mortos foram torturados e humilhados; tiveram seus corpos desnudos e pendurados de cabeça pra baixo num outdoor do posto de gasolina.
Como todo mundo sabe, J.C.Z., Getúlio Vargas e quase o Brasil inteiro, naquele tempo, eram adeptos do Fascismo, nutriam simpatias pelo Fuher e o III Reich.
Como todo mundo sabe também, Getúlio Vargas só mudou de opinião, passando para o lado dos aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética), depois que ganhou de presente, dos norte-americanos, a usina de Volta Redonda.