Eis que se expõem os prazeres da carne! Que sensação indiscritível e arrebatadora é essa, que nos faz queimar e tremer todos os músculos do corpo ao fechar os olhos e imaginar nossos corpos suados buscarem destemidos os limites da sanidade ?
Na Roma e Grécia antiga, as orgias eram "justificadas" pela mitologia exacerbada e temida como dizem as "Bacantes" em sua fúria incontrolável que fazia das mulheres ferramenta para vingança de Baco...
Mas, mitologias à parte, como podemos definir o prazer instintivo do ser humano como um pecado? Se caso somos originários da criação divina, e à sua semelhança, teria Ele também o pecado em seus pensamentos. Ou ainda, se Ele, é um ser puro e supremo, desprovido de todo e qualquer pecado, por que sua criação é pecadora?
Tantas são as questões sobre esse assunto, que nos faz desviar do objetivo principal: a luxúria. À começar pelo olhar, sentido capaz de analise e transmissão de dados. Isto é, um olhar observa, analisa, e traduz suas conclusões possibilitando ou não uma aproximação. A sensualidade intrínseca ao processo muitas vezes é discreta e cultiva a imaginação como um segredo delicioso inalcançavel no coração.
O olfato e a audição creio ser os dois sentidos mais "subjetivos" nas relações entre as pessoas, pois o compasso da respiração traz ao ouvido uma melodia conhecida pelo instinto, que é desperto pelo cheiro. Complexidades à parte, uma respiração ofegante não é necessariamente, um estimulante a libido mas traz à lembrança cenas que invariavelmente provoca uma mudança no controle emocional e físico.
Um aroma pode de alguma maneira instigar ao toque, como se a apreciação pelo cheiro fosse necessariamente tátil. Essa interação dos sentidos é a manifestação completa da vontade, dourada pelos romànticos como uma das muitas formas do "despertar do amor" (e por que não?!).
Finalmente o tato é o mais significativo dos sentido quando se trata da excitação entre as pessoas. O arrepio que sobe pela espinha e provoca aquele frio no estómago e faz a respiração arfar, e o coração dispara. Digam-me sinceramente: onde está o pecado?
Coloco aqui uma observação que considero óbvia, mas faço questão de mencioná-la: o prazer entre as pessoas é parte da realização individual na busca pelo contentamento; suas muitas formas de manifestar-se dependem do livre arbítrio de cada um. É coerente por enquanto, tirarmos a luxúria da lista dos pecados... voltando à nossa conta: continuamos com os nove pecados capitais anteriormente citados.