Eu precisava falar de solidão, e não estava encontrando o fio da meada, ou o silêncio necessário para vislumbrar a solidão.
Atendendo à s súplicas do meu inconsciente provavelmente, o universo colocou em minha caixa postal, vindo nem sei de onde, um texto:
SOLIDÃO.
Ao ler, atenta e pacientemente, senti muita pena de quem o escreveu. Ele diz que habituou-se a estar só e que é feliz assim. Eu não diria isso a ele, mas não pode ser verdade!
O ser humano não foi criado para estar só, é contra a sua natureza, exatamente por isso, a solidão o faz sofrer.
O que ocorre muitas vezes, e acho que esse é um caso típico, de pessoas que usam a solidão para se proteger, para se furtar aos riscos dos relacionamentos, que aliás, são muitos. Mas todos, incontestavelmente, valem a pena.
Viver é um grande risco, o melhor que podemos ter! E não se vive integralmente, mantendo-nos na solidão. Um dos ingredientes imprescindíveis à vida, é exatamente o convívio com outras pessoas, sem o que, é impossível exercermos qualquer tipo de aprendizado, e a vida só é válida, se a utilizarmos para nosso crescimento interior, aprendendo, aprendendo, aprendendo...
Acho também, que a solidão possui no mínimo dois conceitos completamente distintos: ANTES e DEPOIS da internet.
Antigamente, se estávamos sós em nossa casa, era muito difícil mudarmos isso. Hoje, com um simples clic, teremos no mínimo, um cidadão querendo nos vender viagra, o que já é alguma coisa, mesmo que a gente nunca pretenda comprar, é um ser humano que está ali, e diante dele, não estamos totalmente sós.
Podemos ainda adentrar uma das milhares salas de bate-papo virtual, e com sorte, entabularmos deliciosas conversas. Claro que será preciso um minucioso garimpo nisso tudo, mas no nosso dia-a-dia também é assim, e na internet, temos a atenuante do maravilhoso "delete", que nos protege e nos poupa de aborrecimentos, que pessoalmente seria muito mais difícil de escapar.
Enfim, solidão é coisa do passado, e não justifica que nos escravizemos a ela atualmente, nem mesmo que tentemos nos enganar, dizendo que somos felizes com ela. Seria o mesmo que afirmar que é possível o mar deitar suas ondas na praia, dia e noite, silenciosamente...
