O vóo estava previsto para as 19 horas do dia 27 de maio de 2006. Houve um atraso de trinta minutos. Aliás, considerando a confusão que se instalou nos aeroportos nos últimos meses, creio que o atraso do nosso vóo não tem muita significància.
Embarcamos. Até agora tenho dúvidas se entrei pelas próprias pernas ou pelo vácuo do empurra-empurra...
Ai Jesus! Nem bem tinha começado a aventura... e já senti meus ossos serem prensados entre os bancos do avião.
As respirações entraram automaticamente no espírito da sincronicidade, caso contrário: um, dois, três ou mais corpos poderiam ter sucumbido.
Está lá? Então fique atento.
A TAP segue à risca: T ranca A ntes de P rensar, para que ninguém desista de voar.
Ora pois... tal qual a sorte das sardinhas enlatadas.
Subitamente fui envolvida pelo sentimento de compaixão. Só mesmo sentindo a `dor do outro´...
Aliás, dizem que não é só na TAP que acontece isso. Dizem por aí que todas TAPeiam mesmo.
Triste destino da classe turística: a classe que mais sonha e junta tostões do que realmente viaja.
Mas esta classe não passa pela humilhação de entrar pelas portas do fundo. Ah, isso não! As companhias aéreas não são tão desumanas assim.
A tal `classe´ entra pela porta da frente de cabeça erguida. Passa por todo o conforto da primeira classe ou classe executiva, observa as suas confortáveis poltronas, mantas, etc... e só depois, muito depois é que adentra ao corredor da morte lenta.
A execução começa a seguir, mas a `classe´ se sujeita a qualquer aperto para atravessar as nuvens de um céu desconhecido. E é como se diz: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
Para compensar o stress a TAP tira o foco do desconforto e oferece uma mini-tela individual com a alternativa de bons filmes durante o `breve´ percurso. Isso é claro, no caso de sobrevivermos `ao enforcamento´ com os fios para a escuta durante os cochilos.
Está lá? Então continue atento.
Cuidado, muito cuidado também ao utilizar a `APERTOILLET´. Não tem o charme francês do nome, não! Existe ali um bicho tão feroz... mas tão feroz que é capaz de sugar a `aura´ e a `alma´.
Cá entre nós, uma dica, caso você não seja muito esperto: eu deixei a `aura´ do lado de fora e amarrei a `alma´ na torneira. A alma, que não é boba nem nada se agarrou ao espírito que é bem mais forte. E todos tiveram um final feliz.
Isso mesmo! Todos sobreviveram nessa jornada de herói.
Realmente, é preciso ser esperto, muito esperto para ousar voar para terras mais distantes sem correr o risco de ser sugado por um `vaso mágico´ qualquer.
Por fim, um descanso. Hora do lanche:
- Batatas `ao murro´ ou Batatas ou murro ?
Não entendi muito bem, mas aceitei as batatas...
Você teria coragem de dizer NÃO? O céu já não era mais brasileiro, ora, pois...
Eu também. Consenti com a cabeça e rapidamente desviei meu lado direito (que já é meio torto) no aguardo das batatas ou do murro...