Percebe-se que o fim do ano vem chegando pelo aumento de circulação de veículos, de intensificação do comércio, de atividades extras, especialmente de lazer, com almoços, jantares e reuniões comemorativas. Vivendo em país tropical, o final do ano coincide com o verão e geralmente com as chuvas da época. No sentido oposto, os países do hemisfério norte tornam-se gélidos pois ali é inverno completado com neve. Como não vivemos naquele rigoroso inverno acreditamos que por desagradável que seja o calor tropical, mesmo assim é preferível ao gelo mortal que enrijece tudo.
Criaturas racionais que somos sempre estamos aptos a filosofar, a refletir, sobretudo e em especial sobre as razões das comemorações. Seria apenas porque terminamos mais um ano? Acrescentando-os aos demais já vividos vamos acumulando tesouros de recordações, motivo importante, sem dúvida, para festejarmos. Quer-nos parecer, porém, que o Natal de Jesus é a grande razão dos festejos de fim de ano, sendo de se observar, -dado a laicização constante da sociedade -, que há acentuada tendência em obnubilar esse magno acontecimento. Criaram o mito do Papai Noel e a grande mídia omite, na medida do possível, tudo que possa, efetivamente, salientar o momento místico profundo do Natal. Somente nas Igrejas vamos nos deparar com o início do ritual natalino, através das leituras sacras correspondentes ao chamado tempo do advento. Precisamos, então, não nos seduzirmos com as tentações do comércio que dois meses antes da festividade natalina já apronta vitrinas, promove e estimula o consumismo.
O tempo do advento, segundo a liturgia, é de preparação para a vinda do Messias, incluindo-se nele orações e penitências. Penitência, hodiernamente é palavra de pouco uso, embora se fale muito em jejum que, ao meu ver, deve ser mais espiritual do que real talvez porque a grande maioria já se alimenta muito mal. Nas Igrejas, sinal do advento é traduzido pela veste sacerdotal roxa e pela montagem dos presépios, relembrando o nascimento de Jesus. No dia a dia, absortos com o fato de simplesmente viver, gostaríamos sobretudo nesse tempo, de nos defrontar com a felicidade, satisfazendo os anseios do nosso coração. Todavia, como a felicidade não é uma coisa, não se materializa, o incrédulo homem passa a criar ídolos de toda a espécie. Há aqueles que, para a substituir, se entregam aos prazeres carnais ou procuram nas drogas e bebidas a ventura que almejam. Naturalmente constituem a sub-raça humana. Os demais , que se julgam mais inteligentes (mas nem tanto), partem para uma luta insana visando conseguir o vil metal, aquele instrumento de trocas, útil para se obter coisas sonhadas e desejadas. Pequena minoria sabe, porém, que a felicidade plena só poderá ser obtida no outro mundo e neste, só o despojamento, a simplicidade, a humildade poderão ensejar um estado de vida próximo da aspirada ventura. O Natal precisa voltar efetivamente a ser cristão. Não se considerar apenas como efeméride uma festa profana, cheia de comemorações, onde se festeja tudo, menos a lembrança da vinda do Salvador do mundo.
Visite o meu site:www.domusaurea.com.br