Voltei. Tenho dessas coisas, desses sumiços.
São vertedouros que esvaem minhas vontades em momentos incertos.
Minhas embarcações não naufragam, mas vazam.
E a decepção sempre surpreende na mesma proporção em que faço água.
Às vezes, acontece porque apaixono. Às vezes, é por falta a paixão.
Hoje, não me falta amor. Ou pelo menos penso que não falte. Mas o amor não basta. Pois foge a vontade do texto. É como o apetite que some. Amo mas não escrevo e, quando escrevo, não amo o que escrevo.
Minha bússola eventualmente perde o magnetismo. Apesar de saber ler as estrelas, perco um pouco do Norte. Deve ser o costume. Deve ser o negrume interno. Por vezes, nublo.
Em linhas gerais, sumo em busca do sumo. Espremo e muitas vezes não verto nada. Volto (ou experimento voltar) pois voltar necessito, em busca do acerto, do erro ou do nada.
Volto como um pato selvagem. Percorro continentes movido a instinto. Não raro me perco. O espírito voador migra de um sentimento ao outro à procura de sentido.
O vazio ainda ocupa meus espaços. É um processo cíclico, defeituoso e inevitável. Esvazio de tempos em tempos como se precisasse abrir espaços. Paro, reciclo e volto. Volto, recarrego e paro.