Há 2000 anos nasceu, na cidade de Belém, o filho de Maria e José, uma criança diferente das demais. O nascimento dela foi prenunciado por profetas e sábios que compuseram, cada qual com seu(s) livro(s), um grande livro chamado Antigo Testamento. Este monta uma história, na qual essa criança é a protagonista. Ela cresceu concentrando admiração de muitos anciões e sábios da época e também encantava a todos com sua sabedoria peculiar. Ao longo de sua vida, confundiu muitas grandes cabeças, quebrou vários paradigmas, revolucionou a sua sociedade com seu estilo político, que buscava a igualdade social e espiritual. Desde então, começou a incomodar muitos poderosos e acomodados. Após iniciada sua vida pública e popular, começou a demonstrar sua personalidade forte, incisiva, quando havia necessidade, e singela com os que mereciam sua amável atenção. Àqueles que não a mereciam, oferecia também possibilitava esta oportunidade. Utilizava o dom da oratória para persuadir corações duros, mesquinhos, individualistas... Por amar tanto, por introduzir um estilo de vida mais igualitário, mais justo e humano, foi morto por aqueles a quem ajudou, tanto pelos que agiram contra ele quanto pelos que se omitiram.
Hoje, a data de seu nascimento é considerada importante por quase todo o mundo, e ficou conhecida como natal. O nascimento desse revolucionário é motivo de alegria, de reflexões, de festa... Entretanto, os valores mudaram, essa data já não mais enfoca esse homem como o protagonista dessa festa, já não há mais espaço para ele, o qual está sendo violentado pelo comércio que aproveita para vender mercadorias, produzir capital, acumular riquezas e desigualdades... Antigamente, havia filmes, cartazes grandes pelas ruas, reuniões familiares em torno da comemoração reflexiva sobre esse salvador. Até músicas soavam nos aparelhos de som dos estabelecimentos. Passou a aparecer nas comemorações de natal um "bom velhinho", que possui uma vestimenta vermelha com cinto preto e um grande saco nas costas cheio de presentes - presente é sinónimo de caridade, de despojamento, de amor ou carinho. Será que esse velhinho faz lembrar aquele revolucionário?
O "bom velhinho", que é considerado símbolo do natal está sendo usado como garoto propaganda para conquistar mais adeptos para a exploração da sexualidade, que cresce assustadoramente, sobretudo com a globalização, que faz do dinheiro o único deus e salvador. As emissoras de televisão não mais noticiam mensagens de paz; esse lugar é preenchido pelas propagandas que utilizam todos os artifícios para conquistar consumidores, explorando o que é de mais sensível no ser humano, a sexualidade, por exemplo. A banalização do sexo é o alvo predileto das emissoras de televisão e dos demais meios de comunicação; exploram a sexualidade, ganham IBOPE e conseguem alienar os telespectadores a ponto de fazer com que eles não deixem de consumir.
O natal, que era uma reunião familiar para reflexão, foi substituído pela troca de presentes, incentivando o consumismo. Então, os temas para reflexão, como amor, união, humildade e outros, não conseguem mais sobreviver. As músicas reflexivas também não, pois não mais há espaço para elas no mercado, na mídia, consequentemente, nos lares. Resta um grande espaço para as músicas do momento, que não trazem nenhum tipo de senso construtivo, não enriquecem a reflexão familiar, e sim destroem formações éticas, morais, humanas ( de respeito principalmente) e religiosas. Como as pessoas não têm senso crítico, absorvem essas músicas que contribuem ainda mais para a banalização da sexualidade, e caem, mais uma vez, nas teias desse comportamento que aumenta o número de pessoas que não pensam, e não conseguem enxergar a desgraça (falta de graça) que vem ao seu encontro. Até o "bom velhinho" foi usado para estimular a sexualidade dos alienados. Papai Noel saiu na capa de uma revista masculina segurando as "tetas" da de uma "mulher". E as crianças como devem reagir mediante tal comportamento?
Não podemos deixar aquele menino revolucionário ser desrespeitado no dia da comemoração do seu aniversário. Ser manchado com as mãos sujas desta seita chamada capitalismo. Vamos ajudar as pessoas a se libertarem dos domínios desse mal global, que quer apagar a memória do salvador, que tanto lutou contra a alienação a que os fracos se submetem e nos ajudou a ter boas relações, uns como os outros, uma relação humana coletiva e não a relação individual, como é pregada pelo neoliberalismo. Agora, é a nossa hora de lutar para ajudar a libertar as pessoas que não conseguem esboçar uma indignação contra o capitalismo. Também lutar por esse salvador revolucionário, libertando seu santo nome das mãos daqueles que desejam apagá-lo para sempre. Devemos lutar contra a violência na educação; o consumismo que gera disparidades sociais; concentração de renda; concentração do latifúndio nas mãos de uma parte minoritária da população brasileira e, principalmente buscarmos uma correlação coletiva uns com os outros, para refletirmos a vida do salvador. Esta é a hora de retribuirmos nossa gratidão e amor ao grande guerreiro chamado Jesus Cristo.
