Todo dia encontro, naquele corredor estreito, um sujeito magro vindo de longe. Pés cansados em chinelos gastos e com dor no peito.
O doutor discute `as pressas´ o seu diagnóstico. Como se tudo estivesse claro para ele...
O `próximo ´, do lado de fora, já espera ser chamado.
Os olhos do pobre homem tentam dizer o que o seu coração sente.
Nada importa. O doutor não se interessa pelos sentimentos que dele insurgem.
O doutor observou o corpo sim, porém, deslembrou da alma.
Ferida, ela tombou.
Será culpa do doutor ou da escola que por anos e anos frequentou?
Por que ensinaram apenas a `forma´ que o homem tomou?
Porventura, no instante em que uma vida tem início, não está incluído ao menos o direito à uma porção de alma?
Todo dia encontro, naquele corredor estreito, doutores olhando para o alto, apressados, correndo e disputando o poder com o tempo.
Sentado no banco, um sujeito estafado, desesperançado, olhos marejados fixa o vazio...
Sua vida está por um fio.
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