Não sei o que me deu esses dias, mas o fato é que acabei ficando com pena do seu Roberto Marinho. Sério. Tudo bem, sei que a crítica bate direto no Gugu e no Ratinho, mas ele, ou melhor, Ele, não é de hoje que perseguem. Ensaiado em verso e prosa no meio acadêmico e nas paradas de ónibus, o jurássico jornalista constantemente é visto como o culpado por tudo de ruim que há no país. Claro, ele, ou melhor, Ele, prá santo não serve, mas do diabo também está longe. Ouço quase toda semana que "o velho acabou com a carreira do Lula", como se um ícone do partidarismo operário por si só não se bastasse. Depois dizem que ele negociou com o ACM umas concessões estranhas, claro, logo com quem, com o Antoninho!!! Ah, jura? Beeeem capaz! Sem falar no caso da NEC, da compra de uma série de equipamentos eletrónicos aí. O cara, sinceramente, é o Chateaubriand moderno.
Aliás, dizem que o Cható era bem mais fera que ele, que esse último trouxe a tevê para o país na década de 50. Mas, da mesma forma que dizer que o cara que inventou o pincel é mais gênio que o (ui!) Picasso, é um despropósito comparar o Cható ao seu Marinho, que sabemos, é um estrategista de primeira.
Primeiramente por não se saber quase nada da vida do cara. O que dele se fala é tudo biografia não-autorizada ou fofoca de gente que saiu pela porta dos fundos da "grobo". Em segundo, porque ele manda e desmanda sem nunca mostrar o rosto.
Dizem, principalmente esses que já trabalharam ou que queriam trabalhar e não conseguiram, que ele é um baita fdp, que manipula o povo, que a "grobo" domina as eleições, a economia, o mercado e a cultura. Sinceramente, é no mínimo ingênuo creditar a ele tudo de ruim que tem nesse país. Não estou aqui defendendo ele, longe disso, mas, sinceridade, me pergunto: já pensou se tivéssemos no lugar dele Sílvio Santos ou Edir Macedo? E se no lugar das cenas de sexo de "Laços de Família" tivéssemos "Esmeralda", "Maria do Bairro", "Chiquititas" ou "Fala que eu te escuto" como ícones da mídia massiva? E, creiam, se não tivéssemos Roberto Marinho no "poder" alguém estaria ocupando esse cargo. Apenas uma questão de nomes.
Não que eu esteja defendendo o tal. Falo isso porque seguidamente vejo referência a ele e a "grobo" quando o assunto é coisas ruins no Brasil.
De mim ninguém tira da cabeça uma coisa: cada povo tem o cidadão Kane que merece, e disso o seu Roberto está longe de ter alguma culpa.
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