Não sei o que aconteceu, mas o modem do computador novo pifou. Resolveu parar de funcionar, assim, sem mais nem menos. Curioso porque acabei de escrever aquele texto em homenagem ao meu velho e bom amigo Frank, o micro antiguinho. Começo a suspeitar de ciúmes eletrónicos.
É certo que minha mulher viajou para o Rio de Janeiro e ficará duas noites fora de casa. Nem de longe passou pela minha cabeça suspeitar que ela tenha rogado praga no modem. É evidente que, por conta da solidão noturna, eu bem que passearia pela Internet. Nestes tempos de insónia, nada melhor. Mas daí a imaginar qualquer espécie de vodu informático, ah, seria demais!
Acho que é coincidência. Faz parte do folclore de eventos que nem os especialistas em informática conseguem explicar. Pelo telefone, passei os sintomas do micro para meu amigo Afonseca, que é clínico da área, e ele não teve dúvida: "O modem pifou!". Por quê?, perguntei "Ah, essas coisas acontecem mesmo!".
Se fosse em criança, o problema no computador novo seria diagnosticado por um pediatra de pronto socorro dentro da classificação genérica de "virose", razão de muitos dos males infantis nos últimos tempos. Ou os vírus andam mais potentes, ou as crianças mais fracas, ou os médicos mais genéricos do que nunca.
A questão é que, apesar de novo, o micro não é criança e o modem não deveria pifar porque é novo. Mas, a informática, a pediatria, os ciúmes e as coincidências têm dessas coisas.
Preciso ligar para a assistência técnica. Afinal, o micro está na garantia. Será que modem mudo faz parte daquelas exceções? Haveria carência prevista para tratamento de ciúmes eletrónicos? E vodu? Ah, o que é isso? Especialistas em informática não acreditam nessas coisas. Do contrário, Bill Gates seria uma peneira.
O fato é que estou acordado em plena madrugada. Sem mulher, sem livro virgem, sem inspiração e sem micro novo.