Estive em São Paulo recentemente, para participar de velório e, após, surgiu oportunidade de caminhar pela região central da cidade. Fiquei sensivelmente entristecido, não só por transitar em algumas calçadas envelhecidas e mal conservadas, como notar o declínio dos prédios e da própria destinação deles e observar a diminuição do fluxo de pedestres. A rua Direita transformada em tapete das mais diferenciadas mercadorias, oferecidas pelas dezenas de camelós, não era mais aquela de décadas passadas, de elegantes magazines, com trànsito de pessoas distintamente vestidas! Os passantes, de modo geral, trajavam-se muito mal, denotando o mau gosto e a crise financeira que assola as classes desfavorecidas. Lembrei-me dos idos tempos de quando era um luxo caminhar pelas ruas centrais de S. Paulo e se deparar com o pessoal todo bem vestido, num vai-e-vem constante, só aliviado com a chegada da noite. Hoje, como os tempos são outros, pode-se afirmar que ocorreu a descentralização e o modo elegante de vestir e caminhar se direcionou para as áreas diversificadas dos shoppings, aeroportos e congêneres.
Talvez minha tristeza não represente apenas a saudade, de tempos que se foram. Na continua caminhada para o futuro as boas lembranças não podem se impregnar de melancolia pois o devir sempre é maravilhoso ao serem desvendados os seus mistérios.Talvez represente, de certa forma, a decepção pelo modo de viver atual que acentua a decadência da civilização. Filhos de Deus, redimidos pelo seu Divino Filho, o progresso da civilização deveria ser constante, em ascensão irreprimível, com transparente visão da felicidade em todas as pessoas! E o que constatamos? Deteriorização e decadência! Há a justificativa do progresso material que é irrefutável. Como explicar ou entender o contra-senso? Fácil, absolutamente fácil.
O homem passou a cuidar das coisas materiais, relegando as imateriais ou relativas ao espírito para segundo plano ou abandonando-as de vez. Aí esta o resultado; uma desenfreada luta pelo pão nosso de cada dia, nas mais desconfortáveis situações, próximas à s degradantes linhas da miséria! E o pior é que governantes, ongs et caterva não enxergam que a necessidade imprescindível e elementar consiste em educar todo o ser humano, não apenas fornecer pão, cuidar do corpo, matas, rios e natureza. E, se estou enganado nessa afirmação, seguramente posso dizer que se cuidam de promover algum benefício o fazem de forma absolutamente materializada, ou seja, com empreendimentos, que esperam por si só, resolvam todo o problema o que, na verdade, jamais acontecerá. A necessidade primordial é começar pela educação da alma, de todas as suas faculdades, afim de que o homem faça de sua vida, peregrinação para conseguir, com a proteção divina, as virtudes indispensáveis à implantação da felicidade, com a qual todos sonham e desejam.
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