Envelhecer é um sério problema. Jovens nem pensam na morte, mas talvez a chegarem a ficar bem velhinhos. Enquanto vão usufruindo a vida e a velhice se torna um longo crediário, nada a declarar ou a reclamar. Quando terminam a última parcela e se sentem aliviados com o fim da obrigação, caem em si e murmuram: "como envelheci".Consolam-se, porque este é o fim de todos que vivem de parcelamento e não compram a mercadoria à vista... Já numa respeitável idade, o indivíduo desprovido ou de pouco senso religioso (a religião seria sempre postergada para o futuro), sabe que não é mais jovem e deseja continuar vivendo como se ainda o fosse: pinta os cabelos, torna-se fã da plástica para tirar rugas e outras "coisitas", matricula-se em academias de ginástica, faz caminhadas diárias (de preferência com bermudas e camisetas recomendadas), cuida de disciplinar a alimentação com bastantes sucos e líquidos não se esquecendo do absoluto controle do colesterol (bom e mau), triglicérides et caterva...
Depois que se cansam dessa parafernália de atividades, com excursões para todos os recantos, inclusive em luxuosos e modernos transatlànticos, começam a se implicar com as novidades, a partir do computador, internet, celular, dvd, cartão de crédito, cheque eletrónico, fax e assim por diante. Queixam-se também da religião, que abandonou uma série de formalismos com os quais estava apreendendo a se acostumar.Todavia, paradoxalmente, parecem aumentar o gosto pela religião porque a considera mais misericordiosa, visto cuidar mais da essência do que da aparência. De vez em quando param para refletir se não estão se tornando muito chatos ou exigentes (coisas que, quando moço, sempre detestavam verificá-las nas pessoas mais velhas). Se, através da agitada vida , normalmente cheia de dificuldades, conseguiram manter-se equilibrados, superando as diversas neuroses dela decorrentes, sabem fazer um bom julgamento de tudo. Reconhecem que o progresso foi geral, significando isso que a vida humana melhorou em seus anseios de conforto e felicidade. Infelizmente, porém, os antivalores também evoluíram em maior proporção, crescendo toda a forma de vícios e depravações. Aí é que o idoso passa a ter um sofrimento diferente, porque a grande maioria da população, geralmente mais jovem, não enxerga o avanço desse mal, não vislumbra inconvenientes nessa lasciva permissividade e abrandamento de costumes. O idoso, então, além das limitações da idade, passa a sofrer rejeição da maioria dos mais jovens, que o considera como velho mesmo, anacrónico, ultrapassado. A única forma de superar tal discriminação e enfrentar o mundo até o fim é não se abater com essa insinuação ou pretensão, e tratar de se fortalecer financeira , cultural e espiritualmente.Visite o meu site: www.domusaurea.com.br