Não haverá nenhuma dor na infinda fração de tempo que precederá o doce vislumbre da serenidade, no horizonte encantador do teu olhar. Do penhasco do pranto, onde se suicidaram nossas lágrimas, desaguará uma cascata em sorrisos, abençoando as veias virginais da verdejante planície.
Debruçado no capim fresco e frondoso de uma manhã atemporal, recolherei o orvalho cristalizado nas pétalas de rosas olorosas, para ungir meu corpo libertado, minha alma renovada, com o Espírito Santo, meu coração pulsando no vigor de cada beijo teu nos lábios meus.
Haverá silêncio, o tempo avassalado em busca de ti terá sido empreendido para buscar a luz. Nenhum remorso manchará a suntuosa grinalda celestial que te oferecerei. Terei suportado tudo com fé para caiar meus pecados nesse longo caminho espiritual, que outro não é senão o caminho do amor. Será então a hora de saborear a ambrosia...
Haverá luz, muita luz, espantando as sombras da noite, todos demónios serão anjos convertidos: batalhas? Não haverá nenhuma...Nenhum conflito assombrará a harmonia que existirá em nós. Tudo terá sido esclarecido, não haverá mais equívocos. Existirá uma Única Verdade.
Não haverá desejo, pois seremos o desejo. Um desejo, constante, autêntico, congruente e denso: todo o resto não terá mais razão de ser. Haverá somente aragem soprando por entre nossos eflúvios etéreos, exalando inúmeros versos e propósitos divinos para nós, ninando nossas crianças...
Será fácil perceber as encantadoras transparências de nossas almas reluzindo na contemplação mística da Criação. Seremos então todos poetas vivendo no mesmo sonho: O sonho de amor...