Silenciosamente o século XX vai chegando ao fim . Parece-me estranho esse desamor das criaturas por um tempo que marcou a passagem delas pela terra e que ficará apenas na memória, deixando ,talvez, indelével saudade. Mas, a vida é dinàmica e o corre-corre implantado pelo progresso tecnológico tinha de redundar nisso, pois os valores espirituais foram postergados, eis que não prazerosos para os sentidos e imateriais .
Relembramos a infància, a juventude, toda a vida mergulhada nas atividades febricitantes, motivada pelo anseio de acompanhar os avanços da modernidade. Somente os nossos filhos e netos poderão encarar o século XXI com mais entusiasmo. No decurso dele irão desenvolver suas caminhadas para o futuro. Nós outros que vivemos a metade ,ou mais, nesse século XX , só trazemos em mente lembranças e reflexões, nem sempre fáceis de serem expressadas. Depois, qual o interesse em recordações dos outros e em reflexões que certamente serão contestadas ou tidas, eventualmente, como superadas, anacronicas, desagradáveis ?.
Hoje, mais do que nunca somos obrigados a nos interpelar pela brevidade da existência . Além de breve e passageira somos obrigados a relembrar que estamos condenados à morte, como toda a criatura. E morrer é um ato não repetitivo que não temos condições de experimentar para saber se gostamos ou não. É um ato compulsório que não sabemos quando acontecerá e que talvez por isso mesmo nos sintamos confortados, pois nutrimos a esperança de que esteja bem distante a ponto de poder dormir tranquilo por muitos e muitos anos...Mesmo assim escarafunchamos a mente procurando algum porto seguro ou seja, um meio de podermos assegurar que , na vida pós morte encontraremos boas acomodações...
Parece que relatamos alguma anedota, mas o pensamento é sério. De todas essas companhias "ínter - siderais" de seguros ( religiões), a católica, indiscutivelmente, oferece as melhores condições, pois não cobra taxas nem de entrada , nem de saída ou qualquer mensalidade, ficando à disposição de cada um dar aquilo que pode ou deseja. E, depois, o fundamento, ou seja, aquilo que oferece para depois da morte, foi absolutamente comprovado pelo seu fundador Jesus Cristo. Jesus, para dar credibilidade para sua empresa (religião), andou sobre as ondas, multiplicou os pães, curou cegos e paralíticos e por fim ressuscitou.
Não importa que um milênio e um século estejam se acabando. Como as águas de um rio que não são sempre as mesmas, a vida continua enquanto se encontra bafejada pelo sopro divino. O tempo que virá jamais será igual. Do século XX que embalou nossos sonhos, ilusões, sofrimentos e venturas, guardaremos no arquivo da memória inesquecíveis lembranças quem sabe carregadas de saudades. O foguetório do fim e do começo do século serão maravilhosos e ensurdecedores. O silêncio ,a seguir, predominará, pois, coisas inanimadas ou imponderadas , como o tempo e o século não se manifestam, salvo no estro dos poetas.
