Ricardo e Emanuel, no dia da vitória, 25 de agosto, lutaram bravamente nas areias de Atenas, vencendo o adversário aguerrido e perigoso. A dupla brasileira conquistou um feito inédito para o vólei de praia: a medalha de ouro.
A dupla espanhola Pablo Herrera e Javier Bosma não conseguiram bloquear os petardos lançados pelos brasileiros, causando a vitória do Brasil. Os espanhóis tiveram alguns momentos críticos em que cobravam desempenho mútuo, mas sem muita chance de melhorar a sorte na partida.
Ricardo, com o número 1 e seu parceiro, com o 2, estavam convictos e, com relativa calma conseguiram sair, no primeiro set, na frente do adversário. Em nenhum momento da partida, em ambos os sets, os brasileirinhos não mantiveram a constància. Pausados e adaptados ao ritmo do jogo, conseguiram impor a ação vencedora.
A prata ficou muito bem para os espanhóis. Foram lutadores, mas os pequenos erros, tais como as deixadas, de um para o outro, nas bolas atiradas entre os dois, conseguiram colocar a dupla brasileira, durante todo o jogo, em vantagem no marcador.
A torcida, já no final do segundo set, quando os brasileiros, eram considerados os melhores em quadra, iniciou um bater cadenciado de palmas. O fato lembrou Jardel Gregório, que não conquistou nada além da modesta posição fora do pódio.
Foi o Ricardo, que com uma "bolacha" final, carregada com muita energia, ponteou para o Brasil, dando-lhe a vitória, e trazendo a medalha nunca antes vista. Ainda bem que não choveu ou garoou.
O baiano Carlos, pai do Ricardo Alex Santos, emocionou-se quando constatou o suado êxito do seu filho. Também, não era para menos: foram anos de muito treino, dedicação e pequenos triunfos diários em que se driblam os contratempos. Ser campeão não é fácil.
Mas o Brasil tem muito a melhorar. Sua população, o nível de escolaridade, bem como a saúde, moradia, e direitos básicos duma cidadania corriqueira, nos países desenvolvidos, devem ser a regra básica e não a exceção.
A destinação de verbas públicas para a prática de esportes, na periferia das cidades superpovoadas, precisa ser mais convincente. É na pessoa humana, e com a pessoa humana, que se deve gastar as dotações. De nada adianta a construção de imóveis, que se deterioram com o tempo, se não produzimos cidadãos de bem, saudáveis e norteados para os verdadeiros valores cristãos.
Os números de medalhas conseguidas na Grécia, comparados aos da China e Estados Unidos, sinalizam que temos muito a aprender.
Um dos ensinamentos básicos consiste naquele que revela o descarte das normas antes elaboradas, por um regime ainda de governo autoritário, arrogante e sem disposição para o diálogo. O pobre não tem direito à alimentação sadia, balanceada; não consegue moradia digna; grande parcela da população carece de emprego. Nada mais justo que, pelos menos, o direito de livre expressão, de falar, de se queixar, de escrever contra a opressão, seja preservado.
Toda legislação impositiva, elaborada nos escaninhos do poder opressor, deve ser substituída por normas semelhantes à s vigentes entre os povos governados por gente de bem, da paz, do amor e do diálogo franco. Os motivos que levaram a criação, por exemplo, de A voz do Brasil, no rádio, na década de trinta, não mais subsistem.
Mesmo toda aquela conjuntura havida no final dos anos 60 e começo dos 70 desapareceu, transformou-se. Portanto nada mais saudável para a prática da democracia do que fazer a lei cristalizar essa situação atual, existente tanto no Brasil como no mundo.
A obrigatoriedade da frequência de faculdades e cursos de jornalismo, não tem o condão de fazer do cidadão comum um comunicador ideal, perfeito, sem máculas. Mesmo porque grande parte dos que terminam os cursos não possui facilidade para a prática. O chamamento, a predestinação não se consegue somente nas faculdades.
Não se deve impedir a manifestação do pensamento. E o cursar faculdade, não pode nunca ser condição sine qua non, para que o cidadão escreva, fale ou mostre o que pensa.
Engatemos a quinta marcha, nesse progresso histórico da democracia brasileira, guardando no arquivo morto e nos museus, as leis que foram necessárias um dia, mas que hoje não têm mais razão de ser.