Em véspera de viagem que vai ocupar minhas próximas seis semanas, estou fazendo malas. O que levar, eis a questão, sabendo-se, de antemão, que o clima, a temperatura e os espaços sociais vão mudar à medida em que for penetrando pela estada.
Pensamentos oblíquos: o quê na mala colocar... roupa do dia-a-dia, roupa pra sair, roupa pra atrair, roupa pra distanciar... roupa pra tirar (não terei tal satisfação), roupa pra dar (e muita)... roupas, pra quê vos quero? melhor é índio, que não precisa de roupa pra nada. Quando muito, troca as penas.
Roupas... nesta não entro porque engordei; nessa não entro porque emagreci e sobro lá dentro; esta de lã me dá alergia; essa de algodão me dá alegria. Uma letra e a vida de uma palavra muda completamente.
Uma falha do piloto, um vento bravo, um protesto bombástico de alguém insatisfeito com o rumo da sua vida e o rumo da minha mudará pra sempre. E, então, será que preciso de tanta roupa assim...
Parece que "lá no assento etéreo onde subiste" não é assim necessário que me vista. Nem a nudez das pessoas servirá de pista.... pois anjos não têm sexo. Daí...
Melhor deixar de mandar patacas ao vento e recomeçar a fazer as malas. Isto vai, isto fica. Isto vai, isto fica. E eu? Vou ou fico?
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