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cronicas-->Surpresas -- 11/10/2000 - 14:33 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

É nas crises que se conhece a fibra das instituições, dos grupos e, principalmente, dos amigos. É nas crise que me surpreendo com as pessoas. Desculpe, mas eu ainda me surpreendo com as pessoas. É um defeito antigo, que só tende a piorar.
Às vezes, as surpresas são ruins. Mas não é sobre essas surpresas que desejo escrever, hoje.

Tenho pensado nas boas surpresas, aquelas que viram quadros nas paredes do coração. Surpresas que revelam luzes, que vivificam sonhos, incorporam perfumes de flores que ainda estão por nascer.

O filho do dono da padaria perto de casa, por exemplo. O nome dele é Luís. Na verdade, é o pré-dono da padaria, candidato natural ao cargo quando o Franco resolver se dedicar somente a cuidar dos seus canários.

Pois o Luís é apaixonado pela minha filha. Está certo que é uma paixão curiosa, pois o Luís está lá na casa dos 30 e a Jéssica tem 5 anos de idade. Mas as paixões são assim, avassaladoras. E eles se gostam. São cúmplices. São amigos. Tenho 4 filhos mas a única que tira do Luís os chicletes mais incrementados é a Jéssica. Pelo que tudo indica, uma das poucas freguesas que desconcerta o Luís é a Jéssica.

Outro dia foi festa de aniversário da pequenina. Ela convidou o amigo padeiro. E ele foi. Humilde, como todo o bom amigo. Mas foi recebido como rei por ela. Nunca tinha visto isso. Quando minha filha viu que o amigo estava ali, entre dezenas de crianças e adultos, parou tudo o que estava fazendo para abraçá-lo. Não fez isso para mais ninguém, só para ele.

Dias depois contei para ele essa peculiaridade, essa manifestação tão exclusiva. Ele encheu os olhos de lágrimas. "E depois você quer que eu não goste dela?", perguntou orgulhoso.

Surpresas, surpresas agradáveis.

Surpresas como aquela que tivemos outro dia, ao saber que a professora da minha outra filha, Mónica, a incrível Célia, vinha escondendo da gente as aprontadas da pequena na escola porque ela está numa fase em que precisa ser estimulada.

Se fosse bombeira, a Célia já teria ganho medalha, saído nas primeiras páginas dos jornais, elogiada pelo governador. Mas professores não ganham comendas, só encomendas. E a Célia é daquelas que não deixa o trabalho pela metade.

Minha filha Mónica vem enfrentando uns probleminhas de aprendizagem. E a Célia tomou para ela o desafio de ajudá-la a superar essas dificuldades. Cada letra de avanço da minha pequena e a Célia festeja como se o Diniz tivesse ultrapassado o Schumacher. Eu também, mas sou suspeito.

A Célia e o Luís, como tantas e tantas outras pessoas sobre as quais ainda vou escrever, mostram um porção do mundo que não aparece na novela, não tem comentário do cronista da TV, nem aparece na capa de Caras.
É gente simples que promove a única revolução que vai mudar a ordem das coisas. A revolução das paixões. Um movimento surdo, mudo e cego, que barulha e vê melhor do que qualquer observador atento.

Sabe que até dá gosto de estar vivo?

Maurício Cintrão
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