Oitentações
Fatima Dannemann
Todo mundo fala na década de 50. Nos anos 40. Nos anos 60. Mas os 80, não... É como se não tivessem existido. E foram anos riquíssimos...
Estou inclusive fazendo uma pesquisa sobre essa década querendo resgatar esses anos incríveis, em que curtia forró de faculdade, roubava retrovisores com minha amiga Dulcinéia, curtia São João em Tanquinho, o Bar Vagão, saia no Camaleão e ia aos bailes de carnaval do Bahiano de Tênis entre muitas outras curtições.Era o tempo que a praia do Farol ainda prestava...
Os anos 80 foram importantes para o país por livrarmos da ditadura, por ver o rock brasileiro florescer, por recuperarmos uma coisa que estava esquecida: a liberdade. Com a ditadura, foi-se a censura. Os 80 foram os anos de Cazuza, Lobão, A Cor do Som, Ritchie (me xinguem, mas eu gostava dele), ano dos livros que mostraram os bastidores dos anos negros, como os de Gabeira, de Alfredo Sirkis, e tantos outros.
Se pensarmos nos 80 com carinho, vamos ver que foram tempos muito legais. Talvez mais felizes... Ah, mas também éramos mais jovens. Rock Santeiro, Marron Glacê, a volta de Selva de Pedra, aquela novela Brilhantes, que eu adorava, a de Fatima Reutmann... Vixe, se formos mexer no bau acharemos montes de coisa.
Cinema de arte no Teatro Maria Bethania, que virou bingo. Musicamping. Rock in Rio (de verdade, e não o bar onde se tocam axé)... Paula Toller novinha... Sá e Guarabira cantando "te amo espanhola"... Os livros do Milan Kundera, Memórias de Adriano... Meninos, se formos mexer na memória, sai é coisa. Acho que quem viveu os oitenta, viveu e sonhou... Mas, nossa época é agora...
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