A vantagem da democracia é que há tolerància mútua na convivência social. Existem os agrupamentos ou facções semelhantes, partidárias, de crenças, opiniões, trabalho etc., que procuram viver unidos, se entendendo ao máximo. Mas, o ódio , a divergência, motivados pelo antagonismo, se faz sempre presente porque o homem, dentro de si ,carrega o bem e o mal. Este bem e mal sendo ínsitos na natureza humana, é conhecido pela consciência que o sabe distinguir de maneira perfeita (salvo se se tratar de um doente). Às religiões, por sua vez, é que competem aperfeiçoarem esse entendimento do que seja bom e do que seja mau . Aí surge o conflito metafísico, eis que cada religião considera as suas máximas como absolutamente verdadeiras.
É evidente que os membros de uma religião julgando-se absolutamente certos, consideram os participantes da outra como pessoas erradas, mal informadas etc. Felizmente,
no regime democrático, deve permanecer o respeito, a tolerància (mesmo com a diversidade de opiniões nas próprias facções) e assim todos convivem bem (no íntimo se odiando, ou se forem bem formados mesmo, achando que Deus é misericordioso e pai de todos nós que, como Ele, também, devemos ser misericordiosos ). Essa vantagem que a democracia proporciona não seria muito hipócrita, fazendo com que todos andem com um sorriso nos lábios, quando o coração está cheio de fel e rancor ?
A reflexão nos leva a entender porque a vida é tão conturbada, os problemas tão sérios e a falta de caridade tão grande: é que todos se amam e se odeiam ao mesmo tempo. Numa cidade convivem católicos, evangélicos (protestantes), espíritas, muçulmanos, budistas etc. completados por ateus ou materialistas, uns achando, no mínimo, que os outros estão errados. Assim, como podem conviver pacificamente ? Realmente o principio maior é aquele da lei natural ínsita nos corações humanos : fazer o bem evitar o mal. E, sem dúvida, é a observància a esse principio que servirá de base para o Sumo Deus julgar todos os homens, quando diante Dele se apresentarem.
Devido a essa respeitável convivência o famoso diálogo, geralmente não conduz a nada porque dele sempre participam as mesmas pessoas que , pela conveniência democrática do respeito à s opiniões alheias, sempre decidem a mesma coisa, ou seja, coisa nenhuma. As minorias não são chamadas e não são ouvidas em coisa alguma. E´ fácil exemplificar : para resolver o problema da violência, que é assustadora, só prevalece a vontade daquela maioria que tem o poder, inclusive da mídia eletrónica (esta sim, que é o ópio do povo ).Essa maioria entende deva o policiamento ser reforçado, a população civil desarmada (não os bandidos, porque estes não obedecem) etc. jamais consideram o ponto de vista da minoria que entende que a violência somente será vencida pela educação cívica e moral. Essa educação exige, para ser eficiente, a proibição dos programas de agressividade, sexo e drogas na televisão, a escola mais barata e ao alcance de todos, coisa que a maioria de forma alguma concebe.
A minoria vencida, geralmente tímida (não adianta roncar papo quando se sabe que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco), se recolhe cabisbaixa e pode até se tornar mais cristã e fervorosa porque então se consola com preceitos evangélicos: muitos são os chamados, poucos os escolhidos, quem se humilha será exaltado, os filhos das trevas são mais astuciosos que os filhos da luz, a figueira seca será cortada, os maus serão lançados num lugar onde haverá choro e ranger de dentes etc.
