Minha filha menor, a Jéssica, é absolutamente objetiva. Quando quer alguma coisa, luta por ela até conseguir. Não desiste, mesmo que isso implique em levar bronca ou ficar de castigo. Insiste, insiste e insiste até conseguir o que deseja. Nem sempre consegue. Mas faz de tudo o que pode. Às vezes, exagera. Como é muito esperta, descobre caminhos pouco ortodoxos para realizar o que quer.
Outro dia, na perua da escola, resolveu protestar contra a decisão do motorista, que colocou um menino na janela, lugar da preferência dela. Protestou. Não adiantou. Reclamou. Continuou não adiantando. Resolveu brigar com o menino. Mas como estava respaldado pela autoridade máxima da perua, o menino nem se abalou. Então, a Jéssica apelou. Em um golpe rápido e certeiro, apertou o picirico do menino que, assustado, saiu do lugar.
Pode? Ela tem cinco anos de idade. Não foi um ataque sexual latu sensu. Foi, como diria, uma intimidação de baixa potência, mas de poder arrasador. As mulheres fazem isso frequentemente e nós, os eternos meninos, vivemos pulando de susto. É um jogo estabelecido lá atrás, no início dos inícios. Elas nos dominam. Não há como resistir.
Puxa, mas Jéssica começou cedo demais. E não falo isso por causa do episódio da janela.. Ela descobriu que os coleguinhas da escola não gostam de ser chamados de pirralhos. Ficam com o orgulho ferido. Afinal, já não são criancinhas bobas. São meninos crescidos de cinco ou seis anos de idade. Pois se ela quer algum brinquedo que está com um menino e ele não atende ao seu pedido, pimba, chama de pirralho. E consegue o que quer.
Já sei que vou ser criticado pelos amigos por essa visão sexista do mundo. Mas não posso deixar de escrever. Afinal, estou embasbacado com a precocidade das meninas dessas novas gerações. E não tenho a mínima idéia de como agir. Por isso, preciso aprender a desabafar porque, quando a Jéssica tiver seus 15 ou 16 anos, não vou ter muito tempo para reflexões. Na verdade, estou me preparando para ceder o lugar na janela, independentemente da orientação do motorista.