(Para minha L I B E R D A D E...),MAS para Memel
quem ma fê-la redescobrir...)
RECEBO AOS POUCOS, MINHAS POUCAS COISAS. E COM
QUE EMOCÃO AS VEJO CHEGAR OU AS VEJO EM ALGUM LU-
GAR QUE O PAI, O IRMÃO OU A SECRETÁRIA INSTALARAM
PROVISORIAMENTE EM UM CANTO DO QUARTO ATÉ QUE EU
POSSA DESFAZÊ-LAS PARA RECOMPÓ-LAS A MEU MODO, DO
MEU JEITO, PORQUE SÓ EU SEI O QUE TEM NAQUELES PA-
COTES E EMBRULHOS E QUE NADA MAIS SÃO QUE OS MEUS
TRINTA E POUCOS ANOS DE VIDA VIVIDA POR PERíODOS,
CADA UM COM SUA INTENSIDADE, SEU ASPECTO PRÓPRIO.
PARECO O EX-PRISIONEIRO QUE RECEBE DE VOLTA DA POLíCIA SEUS PERTENCES QUE ESTIVERAM GUARDADOS EM
ENVELOPE PARDO COM SEU NOME ESCRITO A PINCEL ATÓ-
MICO POR FORA DO MESMO, DESDE O DIA QUE FOI PARA
TRÁS DAS GRADES E QUE AGORA RECEBE SEU ALVARÁ DE
SOLTURA...
REVEJO AS COISAS TODAS A MEU MODO ANTIGO, SEM HORÁRIOS, SEM SATISFACÕES A DAR A QUEM QUER QUE
SEJA. ESTOU EM CASA, ESTOU NA RUA, ESTOU PELAS RO-
CAS AFORA, L I V R E, SOLTO COMO AQUELE MENINO DE
NOVE, DEZ ANOS QUE IA COM SUA TURMA ATÉ O POVOADO
DE PEIXOTO FILHO, OU À DIVISA DE VISCONDE DO RIO
BRANCO CHUPAR CANA, MONTADOS EM BICICLETAS MAIORES
QUE NÓS, MUITO, MAS MUITO MAIORES QUE NÓS, NÃO CO-
MO AS DE HOJE, CHEIAS DE MARCHAS E ADAPTACÕES MO-
DERNAS.
REVEJO AS COISAS, ATRAVÉS DAS LEMBRANCAS QUE CHEGAM DENTRO DOS CARROS MODERNOS COM SEUS APARE-
LHOS DE SONS SOFISTICADOS QUE REPRODUZEM MÚSICAS
QUE PRODUZEM A RECORDACÃO...CANTO! "VIVE LA LIBERTÉ", VIVA A LIBERDADE...
