A fórmula já não representa mais que um velho chavão estereotipado.
Repetida automaticamente, na maioria dos casos, soa mais como uma ironia, mais um dito inconsequente de quem tem muita pressa no caminho estéril da auto-suficiência.
"BOAS FESTAS! FELIZ ANO NOVO!"
Os mais modernos veículos de comunicação retransmitem-na literalmente "aos quatro ventos", enquanto o homem assalta, sequestra, atraiçoa.
"BOAS FESTAS! FELIZ ANO NOVO!"
Os cientistas debruçam-se sobre retortas nos laboratórios, criando novas e sofisticadas armas de destruição.
Os astronautas buscam estrelas distantes, talvez para exportarem os excedentes bélicos de arsenais abarrotados.
Os apologistas das guerras multiplicam-se dia a dia.
As lutas fratricidas ensanguentam o solo de quase todas as Nações, enquanto o crime, a pilhagem e a morte pela fome deixam aos poucos de causar impacto e já quase não são manchetes de jornais.
"BOAS FESTAS! FELIZ ANO NOVO!"
Nós, também, mandamos mensagens automáticas, autómatos que estamos a transformar-nos pouco a pouco.
Mas, enquanto nos resta algum sentimento,Homens do Brasil e do Universo, unamo-nos numa prece ardente e fervorosa: Peçamos ao Grande Arquiteto do Universo que nos restaure a Fé, que é o alimento do espírito; a Esperança, que é a alavanca do porvir.
Que a Fraternidade renasça e cresça no coração de cada um. Que a Paz seja retirada das mesas de negociações maçantes e duvidosas para instalar-se na alma do homem, no corpo do homem, na consciência do homem e lhe sirva de arma e escopo para a construção de um novo mundo de Amor e de Bondade.
Que o sorriso volte aos lábios das crianças e se possa dizer ao Irmão e Amigo, com laivos de ternura e de pureza:
"BOAS FESTAS! FELIZ ANO NOVO!"
Brasília, dezembro de 1999.
Sileimann Kalil Botelho