Num cyber café`da Argentina, eu, sem duvida, um dos escritores menos procurados do mundo, leio o destino de um meu meio compatriota do Brasil, o qual ocultarei o nome, tanto por respeito quanto por elegancia.
Ele descreve sua disponibilidade de recursos e de pessoas, podendo manejar a vida, em boa medida, como bem entende.
Eu, a nao ser por milagre, por certo nao serei procurado.
Meus contatos humanos se resumem, fora os cibernéticos, onde conto a meia compatriota Milena na Espanha; a Italo-Boliviana Mariela na Italia e a Italiana Benedetta nos Estados Unidos, mais um Antonio venezolano que esta`na França e nao pode ouvir falar de Hugo Chaves e, por último, um tal de Mario que anda estudando Portugués e que nao sei em que paìs esta´. Sao de um grupo literario o qual ingressei para achar vida culta na terra, ainda. Fora esses, os mais constantes, somente conto as três pessoas da casa a que estou hospedado: um Señora que chamo de abuela, seu esposo que chamo de Papi e um "Chiquito" de oito anos. No pà tio largo da casa, contamos ainda um vivieiro de passà ros, um papagayo, três cadelas, duas pombas brancas e, na casa dos fundos, uma mulher de seus quarenta anos que tem me despertado o instinto e a curiosidade mais elementar. Creio que nao ia ficar triste se a visse nua.
Ao contrà rio do escritor bem sucedido, nao estou fugindo do sucesso, mas do fracasso. Nao estou fugindo das pessoas, apenas nao pude ainda fazer muita coisa com elas.
Penso que estranho destino e`esse que separa dois homens que poderiam pertencer ao mesmo sindicato e os poe em planos existenciais tao distintos!
Talvez haja uma ponta de inveja saudà vel nestas palabras, ou perplexidade somente; o que une eu e o escritor mais afortunado e`a fe`. Ele, o dos confiantes porque venceram; eu, a dos aventureiros que ja`nao tem mais nada a perder, praticamente (as coisas sempre podem ir para qualquer lado. Bom nao facilitar).
Assim que o sol desce sobre o pà tio, a vizinha dos fundos ligua o rà dio, a abuela prepara o mate e me sorri, os pombos voam e termino minha crónica com a sensaçao do dever cumprido.