O admirado escritor, filósofo e teólogo americano Fulton J. Sheen, com maestria inigualável, ventila e esclarece o problema da igualdade dos seres humanos. Considera, para tanto, a igualdade no sentido político, económico e espiritual. No sentido político, a questionada Revolução Francesa, objetivando a revogação dos privilégios das elites da época, pretendeu alcançar a igualdade de todos edificando o preceito constitucional: "Todos os homens foram criados iguais". Ora, aconteceu que essa igualdade política não subtraiu o dinheiro e propriedades dos ricos, razão pela qual - os teóricos do comunismo - entenderam que a igualdade tinha de ser "económica". Toda a propriedade e bens de produção passariam para o Estado que os administrariam e nivelaria, portanto, todas as classes sociais, com igual distribuição de privilégios e riquezas. Nessa administração estatal, evidente desaparece a liberdade e a igualdade - artificialmente criada - jamais poderá existir.
Daí a falência total desse odioso regime, cuja liquidação se processou aos nossos olhos, na década final do segundo milênio após Jesus Cristo. A igualdade espiritual, ensinada pelo catolicismo, considera que os homens são iguais pela essência, pela procedência divina. Acidentalmente os homens se diferem: baixos, gordos, magros, altos, negros, brancos, americanos, europeus, asiáticos, uns mais outros menos talentosos, etc.
A igualdade, justiça, liberdade, "valores supremos de uma sociedade fraterna",segundo a Revolução Francesa, inspiraram o legislador brasileiro na elaboração e promulgação da Constituição de 1988, conforme consta expressamente do seu preàmbulo. A seguir, em seu artigo 3, III, a nossa Carta Magna objetiva fundamentalmente "reduzir as desigualdades sociais". E no artigo 5, estatui: "Todos são iguais perante a lei". A igualdade proclamada pela Constituição se encontra limitada pela lei. Não se trata, portanto, de igualdade geral indiscriminada. Diante das leis, que regem o comportamento dos homens em sociedade, não existem desigualdades. Todos devem ser considerados como se fossem iguais: pagam os mesmos impostos, submetem-se a idênticas leis, fruem igualmente os benefícios estatais. Os comunistas quereriam que a igualdade fosse absoluta. A impossibilidade disso é que é absoluta. Nascemos e morremos desiguais. A vida é um campo de prova, onde temos de nos esgrimir de acordo com os talentos desigualmente recebidos. O mérito de cada um se medirá pela aplicação desses talentos, pois inúmeros os enterram sem aproveitamento e outros, inobstante menos dotados, os fazem frutificar e se engrandecem pelo esforço e resultado.
Que não nos mova o espírito de igualdade para desejarmos tirar daqueles que têm. Aspiremos, sim, conquistar tudo que nos for possível respeitando, para tanto, as leis divinas e humanas.