São considerações elementares, mas necessárias. Um dos erros modernos de péssimas consequências, consiste em presumir: todos sabem tudo. A nosso ver, o contrário é o que é verdadeiro: ninguém sabe nada. Partindo daquela presunção, nada se precisaria explicar ou poder-se-ia começar aula, escrito, discurso etc., de pontos, evidentemente conhecidos. Todavia, se nós nos encontramos certos, a conclusão a tirar é de que poucos entendem ou aproveitam a comunicação.
Precisamos partir do começo. Começo do ano, da vida, dos estudos, dos trabalhos. Das alegrias, das tristezas, do fim. Das lutas, erros, vícios, maldades. Dos temores, guerras, horrores. Seria impossível enunciar o começo de todas as coisas ou idéias que passa pelas nossas mentes. Tudo que existe tem começo e deverá ter fim, porque é a característica do efêmero, do transitório em oposição ao imutável e ao eterno.
O tema nos permite regozijo íntimo porque constatamos: alguns acontecimentos vêm de longa data, distanciados em sua caminhada - como a inflação,a dída externa, o sofrido infortúnio das camadas pobres do País, a corrupção e o furto nas esferas da administração pública -, o que significa: o fim de tudo isso haverá de chegar e talvez se encontre bem próximo.
Ao contrário, também podemos nos entristecer: se pensarmos que o lado bom de nossas vidas algum dia chegará ao fim (esperamos se encontre bem distante), ficaremos tristes, salvos se depararmos com remédio salvador ou solução consoladora. Aí o ponto crítico a nos exigir tomada de posição - quem sabe - a aceitar ou admitir o princípio de religiosidade, indispensável a todo ser humano. Se já iniciamos nossas vidas - e o tempo variará de pessoa para pessoa - é evidente que podemos estar próximos do inelutável fim. Neste exato momento, passamos a compreender a até então ininteligível mensagem das Escrituras: "O reino de Deus está próximo" (appropinquavit regnun Dei).
Esse fim, porém, não poderá ser o começo? Eis uma questão que - mortais materialistas - detestam pensar. Aí entra novamente o avestruz a enfiar a cabeça na terra, temendo o perigo da própria realidade. Os sábios filósofos, teólogos, santos, cientistas, intelectuais felizmente já destrincharam o problema. Temos apenas de optar, entender e admitir as conclusões e orientações desses mestres da sabedoria. Pequeninos e ignorantes, como poderemos descobrir o correto ou o verdadeiro caminho a seguir? É outro questionamento cuja resposta vai depender das disposições íntimas, liames e afetos do nosso coração. Laços e paixões desordenados poderão nos impedir de alcançar o fim indicado pelas religiões cristãs que todos, evidentemente, devem conhecer, ou não?