A vontade é de escrever palavras bonitas sobre sentimentos bonitos. O coração tem lá seus motivos, fica mais alegrinho e pede por isso. É um sentir que nem sempre está ligado à realidade. Porque o coração chocalha em um ritmo, mas o cérebro pulsa em outro. Talvez por isso, as dores de cabeça nem sempre combinem com as dores do coração.
Penso em problemas, dificuldades, crueldades e misérias, mas sinto fé na Humanidade. É uma complexa equação. Componho um cenário esdrúxulo de um mundo que ainda mata por fome, doenças, maldade, guerras ou supostas situações de paz. As pessoas brigam, mesmo quando se amam. As pessoas são idiotas, maravilhosas e medíocres.
Lembro dos tempos de menino, das brincadeiras de guerra. Eu era herói, era John Wayne. Hoje, rasgo a alma nas fotos dos jornais; crianças abandonadas nos escombros de bombardeios. Eu não sou nada diante das fotos. Fico pequeno. Fico impotente. Mas o coração chocalha diferente.
Penso nos cheques balançantes da minha aritmética, penso nos aquilos que desejo e não posso ter, penso no trànsito, no cansaço, no tédio. Lembro dos tantos compromissos a me perseguir e na quantidade de pessoas que estão longe e que poderiam estar por aqui. Recordo antigas frustrações. Tropeço em pensamentos esquecidos. Mesmo assim, o coração está alegrinho.
Que pobre sou eu!
Tenho um coração alegre no peito errado.