E eu passei por aquela rua, andei entre as suas alamedas molhadas, senti o cheiro gostoso da chuva, do barro molhado. Amei cada detalhe: as calçadas, cada plantinha que eu via
parecia-me sorrir da felicidade de está desabrochando, as árvores com suas folhagens
úmidas, do baralho dos pássaros. Como amei aquele lugar! Dentro de mim um sentir de paz, uma luz brilhante me torna livre e bonita, não aquela beleza comum aos lhos, mas daquela falada, dita em todos os idiomas. Que vem da alma.
Não fácil escrever sentimentos vividos porque ele vem de um mundo distante e muito profundo. Distante dentro do espaço, tempo criado por nós. Profundo em sua essência.Às vezes somos limitados no nosso racional, para alcançar - mos esse lado ilimitado fica necessário o despojamento temporário de nos mesmo. Devemos entrar numa sintonia não muito comum: Escritor e ator num mesmo sentir.
Vou repetir: andei por aquela rua deserta, ela estava calorenta e triste. Só havia na calçada
um cachorro sonolento debaixo de uma árvore. Eu me sentia cansada, molhada de suor, feia, cabelos desarrumados. Por dentro: Minha alma estava triste, por perceber as árvores sedentas por chuva, os pássaros quietos como se estivesse em prece.
Criar requer ao viajante muita magia nos pensamentos, e um desejo muito grande de despojar - se por inteiro de si mesmo para que o outro possa nascer. Confiar no outro
que é sua intuição. Deve largar a consciência desse eu, tão enraizado para adquirir outro
e outros...No mecanismo puramente mental.
Não consigo escrever de forma planejada, elaborada dentro do meu mecanismo racional.
Só assim, de forma puramente intuitiva.