
As fantasias eram coisas de virgem que jamais consegue explorar, completamente, os meandros da concepção. Criava imagens incompletas dos cinco minutos de intimidade dos Castro, que Morgana ouvia atrás da porta e lhe contava.
O velho Martiniano tinha código: ‘Tá na hora de ir para o altar...’
— É sacrilégio comparar o momento de intimidade do casal com o sacrifício de oblação.
— E não é um sacrifício? É trabalho pesado, dá uma suadeira!... Deus, em sua sabedoria, colocou um atrativo. Você acha que se não houvesse néctar na flor, abelha ia trabalhar de graça, fazer polinização?
— É... Mas espere eu fazer minha reza.
Martiniano de Castro apanhou a expressão 'no altar do sacrifício', na fala de um pregador: ‘Todas suas obras, preces e vida conjugal, se praticados no Espírito, se tornam hóstias espirituais, agradáveis a Deus.’
— Será?
— O pregador não pode dizer coisa de sua cabeça. O que ele diz tem que ter embasamento bíblico ou no Catecismo que é extraído da própria Bíblia e da tradição da Igreja.
— Tornam-se hóstias espirituais. Pode significar outra coisa — disse Ravenala.
— Não sei. A mãe ora antes. Escuto o pai falar: ‘chega de reza, mulher!...’
Ravenala riu.
Então, pensou em receber de Robert um convite para oferecerem junto um sacrifício de agradável odor a Deus.
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Adalberto Lima.Estrada sem fim...(obra em construção)
Imagem: Internet
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