Publicado no jornal O POVO, dia 04 Fevereiro de 2003
Empossados os novos gestores do Tribunal de Justiça, o que nos resta dizer que não o que deles queremos ouvir e ver?
O empurra-empurra de liminares continuará, mesmo sendo o ato que mais choca a opinião de todos cidadãos, pelo que vai e pelo que desce, pelo que dá e pelo que tira, pelo que afirma e pelo que nega, numa rapidez impressionante?... A Justiça é tão aberta que as diferentes e até contraditórias interpretações deixam ao relento a crença de retidão, firmeza, equilíbrio, sabedoria - apanágios dos magistrados - passando a imagem de fragilidade... insegurança... despreparo... plasticidade dos meritíssimos?
A não conclusão de processos que rolam em gabinetes deste e de outros Tribunais, envolvendo juízes e desembargadores, funcionários e servidores, continuará inquietando a consciência da gente cearense? O que emperra e entrava o caminhar dos volumosos dossiês, não mais privativos do Egrégio Tribunal, mas de quase absoluto conhecimento da opinião pública? Será que os togados não sabem que isso é tema de conversas e mexericos de reuniões em ambientes fechados, até em bancos de praças e botequins de esquinas?
A não divulgação de ilícitos praticados por ocupantes de gabinetes - e quase nominados pela ex-corregedora em desabafo à imprensa - significa solidariedade corporativa?
Grave, muito grave, é o que corre à boca pequena em Fortaleza: nada mais vai andar... as coisas ficarão por aí à espera da passagem do tempo senhor de tudo ... com o retorno dos afastados com hosanas e coroas de louro e acomodação tranqüila dos que estariam sob a mira da Corregedoria. Ou seja: os crucificados ressuscitarão gloriosos e triunfantes.
Nada, apregoa-se, mudará, com exceção dos novos ocupantes - remanejados até que a morte os separe...
Passaremos mais uma vez pelas águas do mesmo rio ?
Testemunharemos a degola de um pássaro e a soltura de outro, num ritual de punição e purificação estranho aos contemporâneos deste ato?