MÃOS DE GENTE Tomando o título, se porventura fosse presidente da Câmara de uma cidade, com prioridade absoluta, criaria:
1. - Depósitos de roupas usadas, apelando aos cidadãos que lá entregassem as peças que voluntariamente quisessem ceder.
2. - Contíguos aos depósitos, mandaria construir balneários-banheiros públicos.
3. - Imporia a cada estabelecimento com restauração e similares, a doação diária à Câmara de três refeições
4. - Imporia a cada estabelecimento com hospedagem em quartos, a cedência â Câmara de três dormidas por noite.
5. - Estabeleceria um gabinete destinado a receber doações monetárias dos mais privilegiados (imposto de solidariedade).
Uma vez organizado o esquema, instituíria uma senha dupla "refeição-e-dormida", com validade só para o dia na mesma determinado.
Quem se dirigisse â Câmara solicitando o respectivo auxílio, se não se apresentasse minimamente decente, teria de ir tomar banho e vestir roupa limpa. Seguidamente levaria a senha, a fim de dirigir-se aos estabelecimentos nela designados, para comer e dormir.
Tudo isto seria gerido com rigoroso zelo, dignidade e respeito, e ainda acompanhado de técnicos competentes que reconduzissem os necessitados à plena recuperação social, quer integrando-os nos serviços decorrentes, quer encaminhando-os para as brigadas de trabalho público e instituições civis.
Estou convicto que melhoraria enormemente a devassante miséria que provoca a imundície humana e a criminalidade, e sobretudo confrange de piedade os cidadãos que, apesar de seus elevados sentimentos, pouco ou nada podem fazer em favor dos "sem-sorte-na-vida".
É evidente que um plano social assim, requereria de denodo executivo e firmeza política sem qualquer espécie de recuo.
António Torre da Guia |