Fui trotando, trotando...
cambaleando num total desatino.
Fui chegando, tomando uns goles,
me encostando na ruiva, na morena
ou na loira, nem sei...
Embriagado, destratado,
desavisado e sem destino
fui saindo de fininho .
Desamarrei minha égua
e na corda me enrolei.
Fui caindo sem sentir.
Mal ajeitei meus ossos e segui.
Cabisbaixo, fui andando
por aquele caminho sem fim.
Meu passado, emaranhado.
Teria sido eu alguém?
Hoje, este triste compasso.
O futuro?
Só mesmo Deus
e o último fio desta vastidão.
Enquanto lamuriava,
o sereno da madrugada
desenredava minhas idéias.
O dia já iluminava as profundas olheiras
deste meu rosto feio e sombrio.
Desmontei para cuidar da égua.
Qual a surpresa?
O lombo não era da égua não!
Era a casca dura de um jegue.
Tomou posse de minha alma
uma profunda desilusão.
Por ora, deixei o futuro de lado.
Dobrei o presente na curva da estrada
e retomei a trilha do passado
em busca da égua, minha única paixão.
|