Ai de vós homens que adorais as próprias sombras, e vos curvais diante delas, sem perceber que quando vos prostrais, esses vossos deuses se curvam juntamente convosco.
Ai de vós, porque é em breve o tempo em que tereis que encarar de frente a luz do Sol, e não mais podereis contemplar as deformidades dos rostos distorcido que ora adorais... Então ficareis atônitos, e a luz ofuscará os vossos olhos, e será grande o vosso desconforto, e a vossa dor, e o vosso desespero, e a vossa vergonha...
Ai de vós que sois das trevas, e por isso sentis desconforto em ouvir o que vos digo, ainda que não entendais as palavras, mas mesmo assim, desejareis esconder as anomalias das vossas sombras, na tentativa de apagar a luz que está às vossas costas, muito acima do vosso alcance.
Ai de voz, que por um pouco, conseguis com as vossas sombras, encobrir o clarão da verdade, dando assim testemunho contra vós mesmos, das trevas dos vossos espíritos.
Porque é de costas para a luz, que tentais descrevê-la, e nesse afã, morreis sem perceber que arrastastes multidões e multidões aos vossos túmulos.
Ai de vós homens de sombra, que revoltais contra o que não entendeis...
Luz
Vós que caminhais rumo ao Sol, e vos deleitais em encarar frente a frente a luz radiante dos seus eternos raios, vereis uma nova aurora que já desponta...
Somente voltareis os vossos rostos para o ocaso, quando o Sol mostrar aí o vosso descanso... Então sereis como os novos girassóis do novo tempo, e seguireis volteando os vossos pescoços, para acompanhar a luz que ora desperta o sentimento alegre e compenetrado de quem sabe que o dia novo esperado chegou...
É aí que descobrireis que os vossos pés são alados, e voareis tão alto e tão rápido, que jamais o Sol terá ocaso no vosso dia...
que será eterno...
sem sombras...
sem manchas...
sem engano...
E por mais que um pouco entendereis a essência da Luz que está acima do raio, porque o fez...
E os vossos corações iluminados se alegrarão com o desvendar desse mistério que se revela à plana luz...
