Carlos Drummond de Andrade, além de poeta, foi também ensaísta, cronista e contista. A obra em prosa está repleta de interseções poéticas e, em meio à sua poesia, inúmeros são os poemas narrativos, alguns remetendo à crônica, outros ao conto, como "O marginal Clorindo Gato".
No tocante aos ensaios, a ênfase poética é depreendida logo nos títulos dos livros: Confissões de Minas, Passeios na ilha e O observador no escritório. No entanto, são obras que tentam valorizar a poesia e a escrituração sincrônica em deprimento aos excessos de publicações que surgiam, aleatoriamente, fruto de desabafos passionais. Preocupado em desenvolver uma obra onde a conscientização predominasse sempre, o autor buscava suas experiências ou as experiências de poetas e escritores de sua convivência e intimidade para registrar, passo a passo, o empenho dos autores modernos. O óculos do escritor mantinha-se sempre atento, buscando afiurmar que a emoção tinha de se equilibrar com o domínio racional a fim de que a arte não fosse, em nenhuma hipótese, legada a um segundo plano.
Nos contos, o autor é auxiliado por sua propensão para uma liguagem curta , da qual se depreende também a poesia. E a modéstia do autor corroboira para que seus textos não extrapolem um valor possível de lhes ser dado dada a importância já assumida peloi poeta. Contos de aprendiz e Contos plausiveis, livros que inserem o misticismo e o mito da poesia, mas que remetem para uma trama sempre curta, onde poucos personagens acabam, num tempo curto, chegando ao fim de suas problemáticas ou deixando-as à média rés, como, aliás, acontece freqüentemente.
No cronista,o espírito ávido de denúncias se ocupa sempre do povo e de seus problemas, dando ao leitor de hoje uma visão sincrônica de tudo quanto ele, na pele de seus concidadãos, vivenciou e sofreu.
A obra drummondiana se mantém, portanto, atualizada em nossos dias; dela se depreende a visão crítica de um mundo cujas conseqüencias repercutem ainda em nossas existências.