35 filmes devem compor, no futuro, o cânone cinematográfico nas escolas alemãs.
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por Holger Kreitling
trad.: ZPA
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Histórias de fanáticos por cinema, das aulas enforcadas em troca de idas ao cinema, hoje são lendas. E lendas que se transformaram em filmes: Em "Os Incompreendidos", por exemplo, François Truffaut encena as recordações pessoais de tantas manhãs “sacrificadas”. O cinema é a verdadeira escola da vida. Mas, o cinema muito raramente vai à escola.
A central alemã para educação política (BpB) propõe agora um cânone cinematográfico: 35 filmes, escolhidos por 19 especialistas, entre eles, diretores como Volker Schlöndorff ("O tambor") e Tom Tykwer ("Corra, Lola, Corra"), roteiristas, pedagogos da comunicação e críticos de cinema. A lista, a princípio, deveria abranger 25 filmes, mas o consenso mostrou-se impossível. Por que não 50? Ou 100? Só pode ter sido um debate acalorado.
A história do cinema quase não tem importância na escola. Até aqui, permaneciam infrutíferas as solicitações no sentido de uma pedagogia dos meios de comunicação. Se a arte e a música já ficam para trás, por que ainda o cinema, os meios de comunicação?
"Embora a imagem em movimento seja o meio condutor do século XX, ainda não encontra ressonância nas escolas o seu devido significado em contraposição à literatura", lamenta Thomas Krüger, presidente do BpB. No fundo, é uma questão de formação artística: No confronto com o cinema, mesmo diante de "Guerra nas Estrelas", o indivíduo deveria estar munido de informações sobre o cinema, ver apropriadamente as imagens, saber fazer delas uma leitura correta, saber que filmes em p & b não são algo repulsivo e que filmes mudos existem, ao menos isso, e exerceram sobre a linguagem cinematográfica uma influência duradoura.
A lista possui seu lado estético-cultural e seu lado pedagógico. Não foi feita para fãs do cinema que adoram essas listas, mas para alunos que dela irão tirar proveito. Em que pese a delicadeza dos temas, instrutivos podem ser tanto "Blade Runner" e "Taxi Driver", por sua violência, como, por suas cenas explícitas, "Blow up" de Antonioni. Importa é que todos eles maravilhosamente se prestam ao debate.
É fantástico imaginar a nostalgia da morte, presente em "Um corpo que cai" de Alfred Hitchcock, como assunto para as classes mais adiantadas, e que os excessos do nazismo sejam vistos, em todo o seu ridículo, em "Ser ou Não Ser" de Ernst Lubitsch. A não inclusão de “A lista de Schindler”? Uma clara opção dos especialistas pelo menos óbvio.
A escolha dos filmes vai de "Nosferatu" (Murnau, 1922) ao melodrama "Tudo sobre minha mãe" (Almodóvar, 1999), percorrendo a história do cinema em seus gêneros mais diversos. Uma vida escolar sem faroestes? “No tempo das diligências”, de John Ford, não permitirá que assim seja. Filmes infantis? "Emil e os detetives" e "O livro da selva" podem não ser obras-primas, mas perfeitos, como se requer, para alunos das primeiras séries.
É correto dizer que a lista deixa um pouco de lado o cinema atual. Se, com efeito, os filmes atuais refletem o universo dos alunos, fica difícil avaliar, no entanto, sua importância estética, bem como sua inserção na história cinematográfica.
