O que o crítico literário Marcel Reich-Ranicki fez pela literatura, devem fazê-lo agora, pelo cinema, Volker Schlöndorff e Tom Tykwer, entre outros. Um cânone de 25 obras representativas da história do cinema deve servir de base, no futuro, para a formação cinematográfica nas escolas alemãs.
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Berliner Zeitung, 08/07/2003
Trad.: ZPA
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Quando os realizadores de "O tambor" (1981) e de "Corra, Lola, Corra" (1998) se encontram, o assunto só pode ser o grande cinema. Volker Schlöndorff, 64, e seu jovem colega Tom Tykwer, 38, devem produzir um cânone cinematográfico, com os 25 títulos mais representativos da história do cinema internacional.
A idéia partiu de Thomas Krüger, presidente da central federal para educação política (bpb), e Alfred Holighaus, diretor da Perspektive Deutsches Kino, que em março deste ano, durante o colóquio "Kino macht Schule" [Cinema faz Escola], falaram sobre a importância da educação cinematográfica nas escolas alemãs.
O objetivo é "consolidar o cinema, em sala de aula, como elemento essencial de nossa cultura", conforme se lê numa declaração da bpb. Já a partir do primeiro ano, as crianças deveriam ter acesso aos filmes, para assim poderem um dia questionar a força manipuladora das imagens.
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Os alemães, um povo debilitado em suas escolhas cinematográficas?
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Schlöndorff e Tykwer são apenas dois dos 18 membros da comissão composta por historiadores do cinema, críticos, autores e pedagogos voltados para os meios de comunicação, que até 16 de julho devem amarrar um pacote escolar valioso do ponto de vista da história do cinema, que será apresentado então à opinião pública para debate.
O resultado final poderia servir de base para a formação cinematográfica a partir da escola. A ministra da cultura Christina Weiss (sem partido), a patrona do projeto, no colóquio sobre cinema em março, falou de um fenômeno social que acomete os alemães, fazendo deles um povo enfraquecido em suas escolhas cinematográficas.
Já há dois anos, a bpb se empenha no sentido de estabelecer a "tela do cinema como lugar da aprendizagem". Os alunos alemães precisam aprender com urgência a linguagem imagética, sonora e dramatúrgica da "mãe de todos os meios audiovisuais", pois a cultura cinematográfica européia já de há muito faz parte da cultura geral.
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A educação cinematográfica nos outros países europeus
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Em outros países europeus, a educação cinematográfica há muito tempo já se firmou como parte constitutiva do ensino em sala de aula.
Na França e na Grã-Bretanha, por exemplo, há institutos especiais, responsáveis não apenas pela instrução e reciclagem dos professores, como pelo arquivamento de material cinematográfico.
Desde 1997, os alunos holandeses contam, em sua grade curricular, com a disciplina "Educação Cultural e Artística".
Na Suécia, igualmente, a competência cinematográfica acabou sendo colocada no mesmo plano da leitura, da escrita e do cálculo. As aulas incluem, ao lado da análise de filmes, também a sua produção.
Em relação ao tema, tampouco a Alemanha está marcando passo. Nos últimos anos, surgiram diversas iniciativas, isoladas, no sentido de incluir a educação cinematográfica nos programas escolares.
Não existe, no entanto, até o momento nenhuma regulamentação trans-regional. Thomas Krüger, diretor da bpb, sabe das dificuldades inerentes à ampliação desse processo ao país como um todo.
Não faz sentido defender, de imediato, uma disciplina "Educação Cinematográfica" trans-regional, ele afirmou à reportagem do Berliner Zeitung. "Vai levar 15 anos até que se chegue a uma decisão a respeito." O melhor caminho seria atropelar as autoridades responsáveis com iniciativas, colocando-as assim diante de fatos consumados.