OS PECADOS DA TRIBO (13)
Roteiro de Coelho De Moraes, sobre a obra de José J. Veiga
Personagens: O Herói (H), Rudêncio (R), Consulesa (Ca), Cônsul (C), Pessoa (P), Pessoa 2 (P2), grupo de festeiros, rapaz com cicatriz (RC), Mamãe (M), Zulta (Z), Edualdo (E), Turunxa (T), turunxas, dois rapazes, dois garotos Obelardos (G), três Homens a: b: c:, vizinha (V), Velho Obelardo (VO), Cinco Rapazes, cercam Ca, Oldívio (O)
CENA 16
(Pessoas perto da Casa do Couro. Reformam. Medem. Chegada de material. H se aproxima de um que ali trabalha para tomar)
H: O que significa isso? Vão reformar a Casa do Couro? ( A P não lhe dá atenção. H fala com outro sr. Oldívio da peixaria) O que é que acontece aqui na Casa do Couro, sr. Oldívio?
O: Casa do Couro? Sei de nada e nem quero saber. Por mim pode derrubar, tocar fogo.
H: Que é isso, Sr. Oldívio! O sr. Não era tão defensor da Casa, antigamente.
O: E o que adiantou? Não fecharam? Pois agora queimem. Eu nem chego na porta para olhar as chamas. ( e começa a jogar águia sobre os peixes) Está vendo como é esse meu negócio? Qualquer dia desses eu fecho e vou ser Turunxa.
H: Tenha paciência, sr. Oldívio. Está ruim para todos. Isso é fase.
O: É. Fase. Fase permanente. Como vai aquele seu irmão? Muito inchado ainda?
H: Vai bem. Mas eu não sabia que ele andava inchado.
O: Não sabia? Então com você ele é diferente. Outro dia esteve aqui criticando os meus peixes. Até me ameaçou de multa. Pedi as credenciais de fiscal, ele desconversou. E quando saiu, quase não passou na porta, de tão inchado.
H: Não seria brincadeira? Ele é muito brincalhão. Agora usa até uns cabelos enroladinhos e loiros... (O continua jogando água nos peixes. H olha para os movimentos na Casa do Couro) Parece que vão reformar.
O: Não acredito. Se vieram mexer é pra demolir.
H: Eu acho que vão reformar. E se vão reformar é por que pretendem abrir. O senhor não acha?
O: Não acho. Podem reformar para instalar banho turco, por exemplo. Parece que é o chique , agora.
H: Para mim é novidade.
O: Todo mundo importante está tomando banho turco. E quem não é importante toma também para parecer importante. Seu irmão deve estar nessa. Aliás, ele me pareceu muito branco quando esteve aqui.
H: Branco?
O: É. Deve já ser efeito dos banhos.
H: Bem... sr. Oldívio. Vou andando. (H sai e olha a constução. De repente topa com tabuletas indicando Banhos Turcos. Corte. H chega a uma grande residência encimada com, um R. H toca a sineta várias vezes. Surgem Turunxas armados de lanças. Imediatamente cercam H).
T: O que deseja?
H: Falar com Rudêncio.
T: O Caincara Rudêncio não pode receber ninguém pois está em banho turco.
H: Quanto tempo eu terei de esperar?
T: geralmente, algumas horas.
H: Tanto assim?
T: É. Hoje o Caincara deve demorar mais pois está inaugurando a sala e ainda não conhece o cerimonial, que é meio complicado. (H olha para os jardins da residência) O senhor volte amanhã. Mas, não de tarde, que é hora do banho.