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	Princípio
	Não tenho deuses. Vivo Desamparado.
 Sonhei deuses outrora,
 Mas acordei.
 Agora
 Os acúleos são versos,
 E tacteiam apenas
 A ilusão de um suporte.
 Mas a inércia da morte,
 O descanso da vide na ramada
 A contar primaveras uma a uma,
 Também me não diz nada.
 A paz possível é não ter nenhuma.
 
 Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'
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