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Poesias-->Danada de Morte -- 07/12/2004 - 05:25 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estava sobreposto na esquina

como um pássaro sem guarda,

algumas luzes iluminavam a rua,

meia escura, balizada por postes

de segurança contra ladrões,

e marias da vida.





Era a ducentésima vez naquele ano

que procurava aquele bar

não que ele fosse de porte

rompido com grandeza.;

ao contrário, era singelo,pobre

e cheirava a bebida mal-digerida.





Encostado na borda da parede do bar

via passar todo tipo de gente,

sem me saudar, via-os como pirilampos

sem rumo.



Que rumo tomar?



Passavam na rua cavalos enfeitados

puxando carrugens bem adornadas

engorlados por aros luminosos.





Passavam na rua mancebos que

sem pensar gritavam e faziam gestos

como acabassem

de nascer.



Eu quieto. Eram quinze para às 11

e puxei um pensamento

qualquer. Ansiedade, por exemplo,

não sentia nenhuma.



Entrei no bar e apanhei um

aguardente de sola -

destes puro e incoerente.



Gorjei-o, mas era como nada

tivesse acontecido.



Voltei a minha guarda. O tempo

não passava.

O relógio havia parado quinze para as 11.



Aprumei-me a vista e vi o mar

longíncuo,refeito e bento por uma lua

de dar furor.



Pensei - ora, ora, se o tempo

não passa, e em quinze para às 11 parou

que posso fazer?



Atravessei distraido a rua.

Veio um bonde com velocidade

acelerada. Ele não me viu e

eu não vi mais nada.



Era a centésima vez

que isso lá acontecia.



De repente tudo sumiu

e a dor passou.

E a doce tranquilidade

voltou.



Era notório que eu era volátil.



E durante todos estes anos,

anos de duzentas vezes,

todas as noites, vou para

a porta do mesmo bar.

Senão aquele, outro que construíram.

Senão outro,fui lá, que mais se modernizou.



Repousei minha alma em qualquer parede

-pois tudo flutuava

e fiquei ali às quinze para as 11

esperando dona Maria Joana da Silva Carvalho,

de 18 anos, que jurou que chegaria na hora em

ponto, às quinze para às 11.



Nunca mais veio e agora

eu, envolto com uma nuvem,

vago inconsequente por todos

os bares a espera de um sinal dela.



Que danada de morte.

Que vida esquisita!

As quinze para às 11 você morre

e vive sempre aquele tempo

como nada de mais tivesse acontecido.



Danada de morte!
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