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Poesias-->Minha Vida Mora Numa Curva -- 07/12/2004 - 05:08 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Alada

Bom caminho foi o que encontrei.;

caminho de fêmeas absortos e cálidas

de tanto amor.

Bom caminho, encontrei no passar da vida.;

era uma prá cá, outra prá la.;

tudo igual, tudo diferente,

com uma pontinha de sal e pimenta.

Se você quiser trilhar este caminho

não pense duas vezes

- é um tanto e demais -

para ter todas basta ter uma só -

faz dela, milhares

e compõe sempre uma valsa triste

- que mesmo sem danças -

ela fica fruto de suas coisas

pai de seus filhos,

amante eterna e alada.



Ancião

Vou andando a tiracolo,

nos passos dos outros,

vou andando com desdém,

pois sei que do outro lado

me espera só grandezas miúdas

e quentura de ferver.

Por issso devagar eu vou.

Lá encontrar o que restou dela:

um par de saias de cetim,

uma crespa de algodão,

almofadas de ombreiras

e um vasto caldeirão

de saudade sem perdão.

Ela já lá não estava

pois - me disseram -

partiram com um ancião

Flauta Doce

Tirei o dia para ver as coisas

E há tantas para sentir.

-Mas há de saber sentir:

o vôo áspero do trilho que faz o pássaro,

a luz que o arguto sol deixa no céu de azul

diferente, até igual aos azuis comuns, mas

diferentes prá sentir!

E fui sentindo as coisas da manhã.

E fui sentindo flauta doce

que partia dela.

E fui me magoando em ver tanta

beleza por fora

e tanta miudeza sem sala

esbanjando no corpo dela.

Que um dia já foi meu e, agora espero,

Jamais ser réu da vida dela!

Ela hoje é flauta doce onde

todo mundo põe a boca

Pobre

Vou além das coisas,

mas não passo da meia-volta.

Vou seguindo meu caminho sem trilhas

uso até pilhas prá me iluminar!

Vou atrás dela, onde ela for.

Sei que ela não espera

nem cortesias - amém.

Mas um dia vou lá e entro

na casa dela e digo:

meu senhor, meu senhor, essa mulher

não foi feita a seu molde

ela nasceu prá mim

e tudo foi um descuido

da natureza

que trocou

jasmins por rosas

um pobre-pobre

por um rico de latão.





Conquistas

Hoje é dia de festa

todo mundo se confraternizando,

eu, igual a um tolo e oco

esperando na estrada do Pinheirão

por ela aparecer dourada e sem bandeira,

dizendo prá todo mundo ouvir e faturar:

Não sou mais seu amor

Sou seu fim - que nem história teve.

Nem um paraiso conquistou!



Ouro

Orgulhoso estou

nesta vida de vintém

ganho pouco

mas sou feliz.



Feliz de ter nascido

Feliz de nunca ter ido

à casa dela e pedir

um pedaço dpão

- como um faminto cão -!



Sou feliz assim,

perdi tudo o que tinha

até o ralo amor dela.



Mas ou feliz

isso eu sou.



Pois ela um dia disse

-bem sentimental -

que eu era seu único e bravo amor.



Mas que comigo não podia ficar

Pois não tinha eu um trocado, um centavo.

- Pois sou fornecedor de angústias e

apenas

barras de ouro pro sonho dos outros fincar!



Buraco

Quero sair deste buraco -

uma toca até sentimental -

cheio de raízes e fungos,

pedras úmidas e desconvexas.

Daqui quero sair

Prá pelo menos dizer prá ela:

Ei,espere, sou eu,

aquele teu amor eterno

que você sepultou faz séculos!



Barco

Se vamos nesse barco,

vamos prá valer

aqui só cabe homens

e cambaleantes foragidos.

Se tenho que ir, vou só

procurar trilhas

e desvendar mistérios

que durante toda a vida

ela escondeu de mim!



Pois até o que tinha dentro

da roupa dela

Ela escondeu de mim!



Sem rastro e sem lastro.

boa mulher de mil maneiras

uma rainha de tirinhas

onde não chegam perto

nem as criancinhas!



Coroar

Na hora de ser feliz,

quase ninguém é.

Não porque não quer,

mas porque de lá prá,

nas idas e vindas,

deste mundo amendontrado

Todo mundo foge, até da sombra, v.; a á!



Só tem desvasalados e compulsados

que fazem da vida uma coisa sem sentido

até passageira, sem graça ,oca e senil.



Pois a vida não é isso não.

Tem mais coisa!

tem mais vida dentro da vida

que o vão pode esperar:

tem a graça, a beleza, o amar

o perdoar, dar e receber,

tem o eterno amor prá coroar!

Pressa

Uma garrafa de aguardente é bom nessa hora

Hora de ninguém!

Cai a ave-maria e tocam seis horas.;

Eu, com muito medo da vida

que eu sei que só tem uma volta,

só idas,

me escondo atrás de meu copo e digo

Manuel, Manuel, me traga mais uma dessa

pois tenho medo e não tenho pressa.



Açoites

Quero um sentimento qualquer que tire essa dor,

Dor que vem de dentro

Nem sei se de alma.; é

arrisca, destrói e corrompe

todos os meus sentidos!



Mas encravo a dor do sentimento nela

no mais fundo trigão de terra.

Prá ficar lá e esquecer!



Assim, deito no colo dela

-de puro cetim -

e espero pelas boas novas:

mas que não venham de açoites!

durante meus pernoites,

na casa de ninguém, onde

toda noite todo mundo se renova!



Barco

Nem pensar em coisas boas,

boas só existem notícias que não chegam.;

boas só existem as imagens do oceano,

boas são as de ventre livre e de olhar opaco.

Espero por notícias, ao menos alvisareiras.

Que seja um barco a chegar

Um porto a aguardar.



E com a mulher que sempre amei

afundar no mar sem fim da vida

que faz outra vida dentro dela.

E por fim largar o mal pelo bem

Ser um eterno plebeu nas terras

do Rei Coliseu!



Restos

Que lavrem o livro da vida

e façam o pouco de minha

uma árdua lavratura.;

de duas canetas, um escrivão

e uma perda só de vãos.



Hoje uso avental, sirvo à mesa,

desfaço manchas e sou destro.

Que lavrem o livro da vida

mas me deixem só, de resto!



Rua

Tenho pouca vida pela frente

e disso não me arrependo,

de já ter nascido grande!



De nunca de ter sido moleque de rua,

pitulito de esquina,

criança de bola e de meninas.



Pois criado fui entre quatro

paredes de Paço, onde só me

ensiraram a perder! Me

desmonstrando toda hora que o

mundo é redondo!

Redondo, redondo igual a uma gude

que nunca vi de perto!



Prá Ninguém

Vivo sem poderes

pois vivo sem tamborotes,

ou qualquer som que me desperte

deste sonho de mil almas

onde a força de minha vida

morre, pobre e descascado,

dentro da vida dela.



Hoje,

sou apenas rubrica sem nome

das lembranças de Maria José.

Mulher que hoje, desiludida,

virou prá dois homens

coroada de dois amores falidos.



Que vida ardida!

Que vida perdida!

E minha alma chora por isso:

Por perdê-la pro destino

que a carregou com o vento

pra terra dos alforjes!



Praça

Na praça amena,

cheia de luzes, pipocas e doces,

fico eu sentado a pensar:

cômodo como uma vela,

plácido como um vento calmo:

como pôde tudo isso acontecer?

o ontem virar hoje

sem ao menos dizer que jamais

teria de volta a minha pobre alma,

meus arcanjos prometidos!

Minhas amadas desmedidas!



Vaga

A vida é vaga

como é o puro mar.;

uma hora morno e plácido,

outras feroz e ácido!



Vivo no último extremo

de minha vida: no mar cálcio!

Me chamo Acácio e de mulher

só comprando,

só comprando.

Meus amores estão amando os desleixos e

coisas e coisas,e todas, me largando.



Voltas

A vida dá muitas voltas

Ah! isso dá!

E não é para menos:

Uma hora estou aqui,

outra, vago lá.

Mas no colo dela

nem por favor - do pouco amor -

ela deixa,mesmo se muito penar.



Corda

Quando tinha lá meus 18 anos

queria conquistar o mundo

e suas coisas!

Bravo homem de duas portas!

Hoje nem a si mesmo

conquista.

Ao menos ganha apenas uma torta

da boa vizinha apiedada de valentes e moribundos!

Onde virei instrumento de pura corda!



Ralas

Quero uma gaiola de poucos

prá sempre morar!

aqui onde fico

tem reis e rainhas,

-acho muito - são ralas

e de ventre curto!



Prefiro mina morada:

pálida casa, sem amores,

mais me cai como uma luva

e me faz chorar -

essa história sei de cor:

minha vida mora numa curva!



Achados

O amor da gente

às vezes fica perdido

no setor de achados.;

fui lá um dia buscar.;

mas tinham vendido

à lance curto:mas bem medido,

minha única de nascença,

meu amor de verdade!



Soleira

Romance à parte

sempre fui o segundo.;

mas estava sempre de saída,

por um motivo ou por outro,

a donzela sempre me pedia:

bata a porta quando for embora

reis de pouco na minha soleira,

não ficam não!
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