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| Poesias-->Vinte Para Cinquenta -- 01/12/2004 - 09:30 (José Ernesto Kappel) |
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Vinte minutos para o
tempo de 1950, era o que restava.
Tentar me dissuadir deste ímpeto,
era tarefa árdua.; eram os
trilhos a minha frente,
era um tonto bonde do tempo
que eu tinha que perseguir.
Em 1950,
Mudava-se de roupa,
ao suave Moon Dreams.
Ou o audacioso Boplicity.;
Era do jaz, dos timbres
agudos e estonteantes,
parecendo brilhar, em enxame,
de estrelas que brilhavam
cotejadosno céu de todos nós...
Em 1950,
não havia barreiras de tempo.
Nem suaves vontade de
conquistar o convulso mundo.
Em 1950, nadávamos em águas
rasas de um mundo que
sobrevivia por si próprio
e, nós, indeferentes às
suas mazelas, rondávamos
perigosamente a sua beira
como a conquista fizesse parte
do dia-a-dia.
Sem saber que, nós próprios,
eram os conquistados.
Se havia liberdade interior
havia também a ave cantante.
O pudor desvairado
encondido atrás de saias pensantes!
Sagas de um tempo
Onde Gil Evans e Mille Davis
Estabeleciam princípios
nunca respeitados.
Não havia solidão
- palavra respalda, inventada
pelos mais velhos - anciãos de almas
curtas!
Não havia limites
Haviam derivas e repassos.
Lagos,cisnes e amores impossíveis.
O sol fresco no rosto,
A brisa levantando sonhos
E arrematando poeiras a gosto
que um dia ia nos levar.
O que nos interessava
se há vida lá fora?
se aqui dentro - no junco
do coração e dos amores -
polvilhavam-se de canções
de hebreus e mantos sagrados
sempre e sempre
de mãos dadas.
O que nos importava -
e era sério –
se jordanianos agrestes
anexavam parte da Palestina?
Que o pároco desiludido
pregava uma rendenção
tão longíncua e atroz?
Se Urss e Eua rolavam
os céus como alados
a procura de novos
temas de guerra?
E a guerra mal havia acabado
e lá estavam eles
Sobejos –
Bolinando com a Coréia.;
Dwight passageiro,
E seu antecessor
O carismático Truman,
Digladiavam-se em
aventuras de novas
guerras!
Um miúdo parque de diversões
onde você era o maior,
o mais brilhante,encovado,
mas era a roda gigante!
Lá prá Manchúria....
E se Panmujon resistisse?
Ora..ora,um beijo nos
assinalava !
Do outro lado do sol
Arremetia-se o íngreme Vietnã
como uma bola de neve
de sangue. Cáustico !
A China perdulária: o Tibete nunca mais.
Mas, e de Tibete, só conheçíamos o
tal alvorecer
Com inimagináveis montanhas de sol.
Começava o Macarthismo.
Enquanto isso, inicia-se o noso
enamorar
pelas mais belas
aqueelas de flores
que moravam nos nossos 17 anos.
O irlandês Bernard Shaw morria,
Mão-Tesé-Tung proclamava
sua independência,
enquanto nos proclamávamos
a descoberta do amor
-Até então desdém e incomprensível.
Mas ele surgiu ao amanhecer
Prá nunca mais dar voltas.
Charlie Brow nascia com
esse amor e sua ternura.
Kurosawa arrebatava seu gênio
E Ionesco trazia o teatro do absurdo.
Tão absurdo como inventar
naquela época o bruxo e a fada,
que nos davamm crédito.
A população desmiolada era de
51,7 milhões, enquanto nascia Pato
Donald. – Um louco dos sonhos !
Tão absurdo como o bluesman americano
Muddy Waters lançar sua música e
embriagados deRollin stone, que
iria balizar a banda de Jagger.
Tão absurdo viver
do outro lado do sol,
como não entender
o que se passava. à volta!
O mundo rodava louco
e todos nós herdávamos um pouco
destas bravuras insanas!
Assim nasciam os pastores nos
EUA e nós descobríamos a tv:
”Vingou, como tudo vinga,/
No teu chão,Piratininga/ A cruz
Que Anchieta plantou/
Pois dir-se-á/ que ela hoje acena/
Por uma altíssima antena/
Em que o Cruzeiro
Poisou/
Era uma catarse coletiva,
Era o que tinha de acontecer.
A nossa volta três
passos corridos.
Do outro,lado do mel.
Se o mundo corria.
lá na cidadezinha, sem nome,
ainda descalsos, pintávamos
bravuras inacabados.
E desconhecíamos o tal futuro
que bate na porta, sem
perguntar sobrenomes.
E foi assim:
Anos 50, rejubuliante e atroz,
para nós um pedaço de terra
alva, bem cristalina,adocicada,
como um córrego inesquecível
e sonolenta.
Para nós os Anos 50 começa ali
aos pés da donzela mais bela,
nos bailes clareados
De Coca-Cola Rum e Bacardi.
E a musa Audrey perambulava.
sua angústia nos tripés
dos cinemas.
Um par de sonhos nos rondava
Para arrematar flores inconquistáveis.
Do outro lado do mundo,
onde se enconde a meia-noite do sol,
eu, Manoel, Sheila, Da Silva,
enamorávamos atrás da trigueira.
Enquanto lá fora
no pedaço do
outro mundo,
os homens procuravam
com artífices e balas às mãos
a vida dentro da morte!
Rifles prá que te quero!
Estamos bem assim,
na primeira e última aventura
do outro lado da lua.
Mas sabíamos que,
Contra Stálin,
Orwell transformou 1950 em 1999.
E adeus companheiros,
voltemos de mãos dadas
ao corrimão da vida,
às velas acesas,
ao corpo de cada um,
porque ainda brilha,
do outro lado da morte.
O ano acabou!
Mas se um dia você perseguir um sonho,
um sonho de vinte par cinquenta,
procure no calor, nos ombros, no espírito,
de Audrey Hepburn !
Nossa morada começava ali!
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