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Poesias-->Ordenança das Pedras -- 26/11/2004 - 11:12 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A terra onde nasci não tem mais,

assentaram nela tanta coisa esgotada,

que ela foi sumindo, entrando numa

buraco escuro, onde até as flores

se refugiaram em outras terras

empanadas.



Minha terra não tem mais:

foi pedra em cima de pedra,

e, dai, nasceram prédios e mais

prédios,

-edifícios cintilados de solidão -

que foi, pouco a pouco tomado

por gente de terno passado, e mulher

com roupa de homem,

todos falando em celulares,

e roda daqui, roda dali,

os problemas aumentando,

a terra foi crescendo

e minha memória foi morrendo.



Mas não foi aqui que eu

sentava quando me barbeava aos

quinze anos? Namorava na terra

crescida? No apogeu da terra

dourada,batida,

crescida de esperança?



Minhas ruas foram trocadas

de charretes e carros de bois

por vistosos carros, - destes

bem modernos.



Terra de Sienas !



E até a cor da cidade não se dá

bem com a cor do céu: amarelo e

vermelho, tudo frouxo.



Ah! Terra Esgotada!



Fui também na antiga casa

dela.

Era pequena e tinha um

riacho a percorrê-la,

um jardim a moldá-la,

tinha cheiro de mulher,

cheiro de terra.



Fui na casa dela

não chorei, porque a idade

já não me provém deste

escândalo interior:

mas lá estava:

a casa dela,

onde a gente repartia

o dom da mocidade

entre beijos e abraços,

tinha virado tudo pedra,

também esgotada.



Não tinha mais nada:

literalmente, eram centenas

de pedras magoadas dispersas,

no jardim e arrolhando

o percurso do já minguado

riacho.



Terra dos Azáfamas!

Até o rei Axum varre

minha Etiópia!



E de minha terra

mais nada sobrou:

agora é pedra e mais pedra.



E nosso amor vigilante,

se tornou morte,

ela partiu prá lá,

eu fiquei cá só e

pensando:

pedra que faz pedra

torna o coração dos

homens de argila

mais não mata nosso amor.



Pedras! Fizeram da terra

aquecida, agora fria e

crescida.



Tão crescida como um desastre

interior!



E se não lhe dão nome,

dou um:

cedras vistas de longe

são...

Ordenança das Pedras!

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