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| Poesias-->Nosso Pai -- 24/11/2004 - 08:50 (José Ernesto Kappel) |
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Aqui vai indo. Por luzes, por meia-lua. Mas há sempre orvalho à noite
e meados de sol durante o dia.
Escurece cedo.
As árvores de nosso bosque, parecem se encolher com a proximidade do
inverno. Tal como você gostava. Elas estremecem e chiam quietas e
soturnas, mas parecem superar tudo ao amanhecer, quando despontam em copas
coloridadas e com seu seio margeado de pássaros simbilantes, que azulam
nossas janelas com seu ir e vir, rebatendo seus penachos nos vitrais.
A gente dorme de seu jeito: comum e embriagado, com o mundo, ou uma parte da
vida, que acabou de acontecer.
Cumprimos nosso dia, nossa faina, nos morosos e, às vezes, entediantes
deveres, mas cumprimos e amamos, pois aprendemos com você que tudo o que
se faz com amor - frutos deles despontarão em nosso corpo, igual à
fadas encantadas que nos harmonizam com suas varas mágicas e coloridas.
Assim, segue a vida. Purpurina, azulada, e, por vezes, até caótica,
pois nossas idades se confundem, pois crescer é um ato de tanta
intensidade que, às vezes, nos perdemos nele, e sabemos que também
estamos perdendo parte do tempo, que, pouco a pouco, nos leva a algum lugar.
Depois das tarefas do dia, reunimo-nos na velha sala de jantar. E nela, em
silêncio, nos damos as mãos e, juntos, rezamos:para que sua paz
eterna seja nossa inspiração para um novo dia de aventuras que o
mundo nos abraça.
Com sua inspiracão de vida, temos certeza de cumprir a missão a nos
confiada.
E, depois, em lágrimas fortes, rezamos por você.
Que no céu, ou onde Deus nos reservou um lugar para nosso espírito,
nos encontremos um dia e sejamos, de novo, a família mais feliz do mundo,
tudo reflexo de um pai maravilhoso e terno.
Um beijo de todos. Sua morte revitaliza nosso pão, e nos açoda
celestiais, para um novo dia que deve seguir.
Perdemos você, nosso pai, mas a herança de amor que nos deixou,
ultrapassa razões e limites. E já não somos sombras: somos
imagens reais do que você era.
Tudo isso gerado por você. Com sua graça espiritual espalhou em nosso
corações, a semeadura de um novo tempo. Tempo que é obrigado a
seguir em frente.
Gente simples, como nós, que entendemos cedo, o que é o verdadeiro
amor e a paixão de um homem pelos seus filhos, sua mulher, mulher de seus
filhos.
E, por fim, todo um beijo, de sua mulher, a mulher de seus filhos.
Que de eterno sejamos. |
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