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| Poesias-->Cansei -- 22/11/2004 - 04:58 (José Ernesto Kappel) |
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Num certo pedaço
de tempo,
cansei:
de ir,
voltar,
de não ser.
Cansei.
De ser candura,
cabeça dura,
fura-fila,
marmita de pobre,
horizonte sem sol.
Cansei de dizer não,
de ser fraterno
igual a uma igreja.
Cansei de ser
perdoado pelo que
não fiz.
Cansei do gato e
da porta.
De ser tão puro,
igual a uma esquina
do pecado,
ao amanhecer.
Cansei.
Virei balbúrdia,
consulsão social,
trato de remorso,
político honesto,
espírito sem deuses.
Cansei.
Estou falindo
e os outros
ainda me perguntam:
"Oi, João, como está
a vida?"
Virei mesa sem pai,
conselho fútil,
na falta da mãe.
Cansei de ser palha
e nunca pegar fogo.
Cansei de ser poesia
sem carma e
livro sem
capa.
E viva minhas
asas.
Porque nem santo sou!
Sou esmero jogador
de pecados.
Agora que cansei
vou embora.
Três quatro vezes 1
é igual a zero.
E isso que sou:
zero, roçando meus
sonhos.
Se quiser ajudar
me fale quando puder.
Não saio perto do telefone,
pois ele não toca jamais,
sem parar. |
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