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Poesias-->Onde Estão os Mortos de Minha Vida? -- 18/11/2004 - 09:30 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fui apanhado de surpresa.

Afinal de contas não sou tão de meigo

ou chegado às portarias de ferro

que o destino nos traça.



Sou até bem simples, tá certo: um pouco curvado

pelo tal tempo, no mais, tirando uma melancólica

artrite, ou uma dor outra que

sacoleja pelo corpo, sou bem íntegro e até bem

apessoado.



Pois assim, numa manhã destas, com as ruas tomadas

de bandeirinhas, festejando o aniversário de

algum santo esquecido é que cruzei com

as calçadas cheias de gente voluptuosa,quente,fria,grande,

magra,potentosa.



Até o prefeito estava lá segurando

uma bandeirinha e, a seu lado, uma minúscula

banda de tentar tocar música e muitas crianças.



Neste frenesi de gente - já que não estou acostumado

à multidões, é que me tomei por uma sensação sepucral.





Pensei lá com meus botões amarelados que

me prendem, numa jaqueta que tem tudo de cinza,

mas bordeia mais para o azul-marinho.



E pensei comigo: onde estão meus amigos? Já que que na rua não

via ninguém conhecido.Nenhuma pessoa de cara amigável, que já

tivesse passado na minha vida.



Nada! Eram todos desconhecidos e, olhe meu caro leitor,era a cidade onde havia

nascido.



Pois bem, pensei comigo: onde estão meus mortos?



De minha pequena geração, que se salientou bravamente pelo vício

e devassidão, não havia mais ninguém.



A maioria já havia morrrido !



E eu perguntei: onde estão meus mortos, meus amigos, minha família,

meus filhos, minha mulher e todos

aqueles que, de raspão ou não, revoaram comigo, num detrminado tempo,

o esplendor de um sorriso,de um abraço ou de um beijo?



Todos haviam partido. A morte os comeu.



Então, naquela manhã, depois de golear 5 cinzanos, uma cerveja e uma

tomada de uísque, fui pro cemitério e fiquei sentado num

túmulo,olhando os outros.Meio patético!



Meus pedaços de vida estão aqui - pensava eu.



E enquanto o sol boreava com faíscas de luzes as lápides, eu pensei

comigo: todos os mortos de minha vida estão aqui.



E pensei duas vezes? Mas onde estão os mortos de minha vida?



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