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| Poesias-->Contos de Dedal -- 15/11/2004 - 15:08 (José Ernesto Kappel) |
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I) Vou bem longe,
mas não vou atrás.
Vou caminhar pros vales
de caminhos dourados
e esperar por você,
sua trilha de flores,
para coroar minha solidão,
tomando água com açúcar,
e, porque não?
um redondo copo de vinho
nascente, que desce igual
a um limão,
matando o que não vêm,
matando o que já trouxe.
Chorar, prá quê?
Se tudo alivia
no de repente,
já sem você !
II) Tropeço áspero no cimento,
foi feito prá isso:
pra cinzelar a memória
prá tampar o áspiro,
prá descontrolar o dengo.
Penso no passo que me espera,
- grosso aço, de feitura monjelar -
Mas que hoje me leva prá bem longe.
Prá lá no fundo
onde os espíritos congelam
e a mão ávida do pai
foi prá bem longe.
Acho que se procurar bem
vou até agora fazer isso:
por trás de cada estrela
há um pai descansando
e minha mãe tricotando !
III) Apresso o passo,
enquanto não me correm:
sou mal-visto
pelo povo que pensa -
e erram -
E digam lá:
até de humano
me chamam!
Tudo porque,
de belas em belas,
cavei minha sorte
e solidão,
igual a um belo vão.
Era ganhar mais e mais,
e perder todo dia,
sem saber, no pódio
de toda inocência,
que hoje é dia de
comemorar solidão !
IV) Não quero que digam
e vão dizer:
lá vai o monge de três
destinos, a procura
do sol, que morreu um dia
lá longe,
perto dos ribeirinhos.
Achar, agora é difícil,
só se você contar o tempo,
duas vezes prá trás!
V) Suavizo a voz prá ganhar sua paz.
Ela é feita de vários momentos, que temo penetrar.
Se minha vez é agora, não há porque temer.
Sou grato ao tempo por me fazer viver, e viver
diante da história que faz a gente, mas que conta depois.
Hoje ganho sua voz que me rodeia, tal catavento
e me leva para ganhar suas mãos e roçar seus lábios.
Se conto o tempo? Conto sim. ele faz da gente
pedaços de coisas que se espalham igual semente.
E, quando de volta.
Volta tarde. Pois de nesgo já perdi.
Perdi o início e o fim! Agora sou parte do meio.
E se no meio, fui feito para cinzelar
a dobra que tingela o cimento.
Nisso tudo fico eu.
Nisso fico de resto.
E nisso o tempo é sagaz.
De tudo leva. Até o farelo que faz a vida.
E vai lá e toma.
E quando leva perco os meus,
que são nossos,
que um dia foram vida,
mas agora são só morte,
prá nunca mais voltar !
VI) Sentado ao sopé
do vento norte,
receio de toda voz
que me anseia,
de toda pergunta
que me atormenta.
Conto no dedal
de minha avó,
as histórias
de bem-te-vi.
E, hoje, penetro na
mais incoerente história:
a vida é uma linha tão
curta,
que até dá medo
de nela viver irrisório,
sem colo de avó
prá sempre chorar! |
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