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| Poesias-->Andarilho de Sol -- 08/11/2004 - 10:19 (José Ernesto Kappel) |
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astejo o forte porque
sobrevivo de seus anfortes,
rastejo o poderoso,
pois dele ilumina meu
pandemônio.
Vida desregrada,
vida pendulada,
vida encurralada
Ah! vida toda amarrada!
Moro no centro,
no âmago de tudo,
onde passa o trem,
onde codornam as aves.
Moro bem no meio,
entre o céu e o inferno.
É uma barulheira zoada
pois o rebuliço é empacado
bem junto, bem perto.
Sou de junho,
nasci em Malpasso.
Sou de passar,
de andar,
sou forjado em puro aço.
Mas,às vezes dói:
não ter com quem falar
vira daqui, vira prá lá é tudo o mesmo:
o mesmo gradeado!
Sou pandemônio vivo,
por isso me trancaram dentro
de mim.;
prá prevenir mais fugas
interiores.;
senão me colocam numa carroça
que não tem fim.
Também, quem mandou nascer
desse jeito maldoso, cheio de cor?
Quem mandou perder,
no primeiro sol da manhã,
a última mulher de amor?
Andarilho - José Kappel - (13/3/2001 10:48:14)
Sou parte da metade,
meio inteiro por partes,
sou andarilho corriqueiro
e não sou de carregar bandeiras.
Se arde, coloca a cura.
Se perco, chamo pelo devasso.
Sé caminha puro é relevado.
Mas olha prá trás prá descobrir
o que não vem.
Se é floresta tem sombra,
se é deserto, procuro a adega
dos mosteiros que pendem
aos ilhéus.
Se é pendular, fica convexo.
Nada mais atrai. Nem a atenção
dos senhores da terra e
das senhoras com outras pretenções.
Cura tem. é só sair de si mesmo,
voando igual bala sem jaça.
Cura tem, mas preciso é se sujeitar
ao princípio da coisa:
ser portátil e não ser volátil,
ter condizente e alar de parafina
os alados !
Se dói, dói na carne
-carne feita de ardida para
machucar.
Se não sente o pão,
não sente a vida,
se é arguto,
passeia com azedos
roliços e amargos da vida.
Se tudo é assim
parto do princípio
que a coisa começa
devagarinho
e vai matando enquanto
você ainda procura
dentro si mesmo -
o andarilho
vagante.
O próximo é meu:
do andarilho que espera
um dia, um dia só,
ser o que nunca foi
e sonhar amargo pelo
que tentou ser.
II
Se fosse fácil buscar,
igual a brincar,
ninguém estaria tão perdido
no mundo que tantas voltas dá.
Brincar é possível,
difícil é buscar.
Quantas vezes você não bate?
Quantas vezes vem o eco
e rebate?
É mundo sozinho.
Que se cria no vazio.
Não faz par.
Não faz dois,
nem com reza de três vezes.
Não adianta: se nasceu
prá ser sozinho.;
nem adianta rastejar.;
as estrelas se adiantam,
o sol se põe mais rápido,
e, você crescido,
se vê diante do nada
onde se sente um pálido.
Se tal fosse barril de pólvora
só faltava explodir!De hora em hora!
É mundo largado,
cheio de gente enganalada,
pronta prá ir a festa
dos ninguéns.
Onde só servem restos
que pouco prestam!
Se subo, desço,
se adianto, atraso,
se fujo, me acham,
se choro
me mandam rezar.
É mundo enganado,
você não acha dois iguais,
pois cada um tá pro seu lado
um não pergunta pro outro
que horas chega,
que horas vêm,
prá minha casa
fazer festa de criança!
Sem ela, sem ninguém,
onde só toca solidão pura
dos mais argutos maestros.
Uma valsa sem cura!
E vive só.;
não procura mais.
Busca inútil.
Sua vida já se foi.
E o poeta de manjares
só diz:
Ida tem uma,
volta não tem mais.
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