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| Poesias-->Pecados de Prumo -- 08/11/2004 - 08:41 (José Ernesto Kappel) |
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Torta alma que não se apruma com o dia. Infeliz daquele que não sabe
apalpar a luz quando esta surge no horizonte.
Açoites não resumem a dor que arde e pruma na carne de sentir.
Quando nasce o sol surge também o nesgo desespero de que teve a
médula e o aparato da luz e dele lhe deixou fugir.
E se levantam gigantes e fantasmas que prendem este pobre espírito na
casmurra da noite. Se pelos dedos, que nunca tocou o sol, deixou também
escapar sua luz é porque seu espírito está partido em dois e,
já desorientado, não sabe de onde vem a próxima mecha.Ou a
próxima e densa escuridão.
Perdão não há, pois quando lhe entregam o endosso da vida num
prato endourado,este foi negado.
E no oeste da vida o sol se mistura às nuvens negras e tudo se turvou em
angustiosas perguntas e pertinazes respostas.Ou mais nenhum som.
É porque em seu corpo não habitam mais fadas nem corrimões de
criança.
Se perdeu a fala é porque medra o medo e o desespero.Se nada mais diz
é porque de seu interior onde o fogoso sol brilhava , só habitam
noites sem nomes.
E se existem normas, que sejam estas quebradas. Se existem dúvidas, que se
exponha a verdade.Mas no pôr-do-sol só uma verdade: a tênue e
jubilosa luz.
Se nada mais nasce deste corpo, meio infantil meio inocente,meio torto,que se
toque a música dos aforas,onde a mudez é imediata.
Na culpa só há uma cabeça e, mesmo alvoraçada por um vento
atroz, que se apruma com o castigo do silêncio,ficou apenas um
meio-adeus.E mesmo dentro deste adeus não há mais voltas, só
idas indefinidas - no caminho que os homens evitam.
Neste prato sem gosto, sem banquete e sem deusas, que lhe açoitem com o
pêndulo mordaz do mais profundo silêncio,e que o pecado seja pago.
De hoje e de sempre que a voz que de longe brilhava,agora não se cale e
todo homem ou senhora bondosa lhe dê a esmola pedida e a mulher lhe
saboreie com o fruto de sua paz e do amor que sabe brota de seu interior.
- Torta alma que não mais se corrije nem com o dia, nem com a noite. E que
o beijo que nunca chegou seja entregue as estrelas - dona veroz de seu
espírito e de sua grandeza,sua bondade, numa meiga caridade cheia de
dengos.
E assim, flutua e açoita dentro dele, a tenaz miséria dos
desesperados.
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