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Poesias-->Cansaço -- 26/10/2004 - 21:47 (Rodolfo Araújo) |
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Estou cansado
Não posso mais abrir os braços
Para o seu corpo acolher
Pois não há corpo.
Como imaginar a textura da boca
Que tanto desejo
Já que ela partiu
Sem endereço deixar.
Impossível estender a mão
À procura de um tecido
Se não respiro mais seu ar.
Por qual razão viajaria
Já que a mais estridente paisagem
Não poderia desfrutar.
Diga-me, por que lutaria
Pois a razão da minha ira
A distância quer do altar
Onde anda a esperança
Se nem a bonança
Após a tormenta veio ficar.
O que se passa com ela
Se do peito, a janela
Para mim não revela
Nem o mínimo pesar.
Se não ouço mais a voz
Resta apenas a despedida
Sobra ao chão a ferida
Que não quer cicatrizar.
Para que gritar rumo ao vazio
Se reverbera a voz
Mais ainda solitária.
Tintas sobre os papéis amargos
Não sabem escrever o destino
Meus versos impotentes
São o sumo ferino
Mas não há quem escute
As luzes estão apagadas
Somente uma pessoa discute
Sobre o fim desta jornada
Já que nunca saberei
O que pulsa em suas veias
Melhor partir de vez
E hastear outras bandeiras
Para ventos sem sabores
E esmaecidas flores
Pois sei, que nenhuma delas
Será, como você foi,
O maior dos meus amores
Embora não vencido,
Estou cansado
E devo partir
Pois suas pequeninas mãos
Deixaram-me ir.
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