Entre as montanhas, nos galhos das árvores centenárias, entre o céu e a terra invertidos.Sob os olhos azuis carmim do fim de tarde, num vôo solitário, o pensamento dá um rasante, testemunho da beleza dessa hora.
Em coro livre as azaléias vermelhas, na valsa da primavera bailam com a brisa, as margens do rio calado, que sem pressa de no corpo dessa selva navegar, escava o seu nome nesse divino santuário, que em várias vezes, a virgem, menina indígena vem dividir com a natureza toda a pureza de sua alma.Enquanto, lá longe, velas impávidas se arriscam, seja de dia ou de noite a enfrentar o mar.
Mar que tantas vezes fez de seus desbravadores, reféns da sorte, poetas da morte, com a poesia de seu penar.
Mar oportunas vezes, nas serestas, ouve da lua a canção noturna mais harmônica, que o sussurro da chuva, ou da noite orvalhada, sobre a caminhada perpetua das ondas na areia da praia...
Mar que nos conta dos Guarás, das palmeiras que celebram a vida, da paz que vem desde a aurora, do silêncio que habita os dias na selva da Graúna.E da hora que a realidade se perde na ribalta do sonho.
Quando à tarde se esgueira na sombra à vida começa a desenha o futuro numa eternidade sem muros, nem portas.
13.01.94
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