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 | Poesias-->ODE AO TSCHON BIJAGÓ -- 10/10/2004 - 08:19 (João Ferreira) |  |  |  |  |  |
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 ODE AO TSCHON BIJAGÓ
 
 Jan Muá
 
 1964
 
 
 
 
 
 Eh! Santiago Bruce!
 
 Tua voz florestal
 
 Se anuncia como o oráculo de um vate
 
 Sentado no círculo da Nascente!
 
 
 
 Persistirá sempre a memória
 
 De tua narrativa bijagó
 
 Tua fala e teus silêncios
 
 Teus eloquentes segredos
 
 Que não desvendarás!
 
 
 
 Persistirá a memória da iniciação
 
 Que me deste em Bruce
 
 E que me levou a entender
 
 A voz popular
 
 Do tam-tam dos  tambores forrados de pele de cabra
 
 Nos rituais de Uno, de Canhabaque,  de Orango e de Bubaque.
 
 
 
 Chegou a mim
 
 O pulsar dos  símbolos das pulseiras de luta
 
 As lanças tridentes de madeira
 
 Dos guerreiros do teu povo!
 
 
 
 Eh! grande chefe!
 
 Através de tua palavra
 
 Teu povo inteiro  chega até mim
 
 Plantando arroz nos sequeiros das matas
 
 Celebrando rituais nas balobas dos irãs
 
 Implorando Nindo nas doenças
 
 Nos terreiros
 
 E nas casas em festa de choro...
 
 
 
 Chega a imagem de teu povo festivo e artista
 
 A figura das campunes vestidas de saia de ráfia
 
 E a dança da vaca bruta em Uno
 
 Com máscaras de touro na fronte
 
 Chega toda essa imagem folclórica
 
 De mistura com as cabaças pirogravadas
 
 As canoas
 
 E as fantásticas esculturas em madeira!
 
 
 
 Chega à memória o espaço físico de teu chão
 
 Chegam as ilhas das fartas florestas
 
 Chega o mar e seus golfinhos
 
 Chega a imagem azul e transparente
 
 Desse teu edênico arquipélago!
 
 
 
 
 
 Jan Muá
 
 Arquipélago dos Bijagós 1964
 
 
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